tag:blogger.com,1999:blog-50900755866674080092024-02-07T17:58:36.162-08:00Que tal história?RESUMOS, RESENHAS, CURIOSIDADES, LINKS ÚTEIS, VÍDEOS, E INFORMAÇÕES INTERESSANTES NA ÁREA DA HISTÓRIA. ESPERO QUE GOSTEM.Thiagohttp://www.blogger.com/profile/00401726006800737580noreply@blogger.comBlogger24125tag:blogger.com,1999:blog-5090075586667408009.post-88774500129485065202021-04-09T05:33:00.001-07:002021-04-09T19:53:29.575-07:00O que é História.<p></p><p></p><p></p><p>Começamos hoje a publicar aulas curtas, em formato de áudio.</p><p>O tema da primeira aula é: o que é a História.</p><p>Esse conteúdo é voltado para alunos do 6⁰ ano do Ensino Fundamental.</p><p> <br /></p><p>Espero que apreciem.</p><p><b>O que é História</b><br /></p><p></p><p><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="140" mozallowfullscreen="true" src="https://archive.org/embed/o-que-e-a-historia" webkitallowfullscreen="true" width="500"></iframe></p>Thiagohttp://www.blogger.com/profile/00401726006800737580noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5090075586667408009.post-4840994396700059982013-11-11T16:32:00.000-08:002013-11-11T10:44:55.183-08:00Que tal uma mãozinha pra sua pesquisa? Aqui alguns links que podem ser bem úteis.Aqui, um link muito interessante da <a href="http://ads.tt/J3PJ" target="_blank">Biblioteca Nacional Digital</a>, onde é possível encontrar mapas antigos de diversos períodos;<br />
<b><br />
<br />
</b>O site da <a href="http://ads.tt/J3PO" target="_blank">Museu histórico Nacional</a>. Aqui você pode agendar visitas, fazer pesquisas e muito mais;<br />
<br />
<br />
<br />
Lista completa dos <a href="http://objdigital.bn.br/acervo_digital/anais/anais.htm" target="_blank">Anais da Biblioteca Nacional</a>;<br />
<br />
<br />
<br />
Site do <a href="http://ads.tt/J3Q0" target="_blank">IHGB</a>;<br />
<br />
<br />
<a name='more'></a><br />
<br />
E você também pode acessar a baixar <a href="http://ads.tt/J3Q7" target="_blank">todas as edições da Revista de História do IHGB</a>;<br />
<br />
<br />
<br />
Aqui o link para a <a href="http://ads.tt/J3QC" target="_blank">Biblioteca do Senado</a>;<br />
<br />
<br />
<br />
E o do site <a href="http://ads.tt/J3QG" target="_blank">Domínio Público</a>;<br />
<br />
<br />
Outro espaço que também pode ser muito útil é o do "<a href="http://ads.tt/J3QM" target="_blank">ebooksbrasil</a>";<br />
<br />
<br />
<br />
Um outro site que pode render alguns bons frutos é o da <a href="http://ads.tt/J3QP" target="_blank">Biblioteca do Congresso Americano</a>;<br />
<br />
<br />
<br />
Já na Europa temos acesso a <a href="http://ads.tt/J3R3" target="_blank">Biblioteca Digital "Europeana"</a>. Com uma pesquisa simples já encontramos muita coisa interessante;<br />
<br />
<br />
<br />
E aqui no Brasil temos a "<a href="http://ads.tt/J3R5" target="_blank">Brasiliana</a>" da <a href="http://ads.tt/J3R8" target="_blank">USP</a>, também muito interessante;<br />
<br />
<br />
<br />
Agora, na relação Brasil/Portugal temos o <a href="http://ads.tt/J3RG" target="_blank">Arquivo Histórico Ultramarino</a>;<br />
<br />
<br />
<br />
E o "<a href="http://ads.tt/J3RI" target="_blank">Arquivo Nacional Torre do Tombo</a>", de Portugal;<br />
<br />
<br />
<br />
E voltando ao <a href="http://ads.tt/J3S0" target="_blank">Brasil temos o Centro de Memoria Digital da UNB</a>;<br />
<br />
<br />
<br />
Por fim o <a href="http://ads.tt/J3RY" target="_blank">Instituto de Investigação Científica Tropical</a>.<br />
<br />
<br />
<br />
Por enquanto é só, depois eu posto mais alguns links!Thiagohttp://www.blogger.com/profile/00401726006800737580noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5090075586667408009.post-65285164005639748982013-11-11T10:18:00.000-08:002013-11-12T10:51:00.811-08:00Resenha “Coronelismo, enxada e voto”<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Times,"Times New Roman",serif;"><br /></span></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Times,"Times New Roman",serif;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2hlZLsi-UgiIfGdK9o8FeZhrFjTr73TLoz7xso4R2fDlDkuCUYzLXmiWtjhfz-j32xQ_OJyD08ZhEYltX_gXgDBFXT9C8MOl5p3Gt2a_Can4cV6S7dvn92n2faJIMGIyXjPIIBYzRlWVw/s1600/coronelismo-enxada-e-voto-victor-nunes-leal-raridade_MLB-O-4587007881_072013.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2hlZLsi-UgiIfGdK9o8FeZhrFjTr73TLoz7xso4R2fDlDkuCUYzLXmiWtjhfz-j32xQ_OJyD08ZhEYltX_gXgDBFXT9C8MOl5p3Gt2a_Can4cV6S7dvn92n2faJIMGIyXjPIIBYzRlWVw/s1600/coronelismo-enxada-e-voto-victor-nunes-leal-raridade_MLB-O-4587007881_072013.jpg" height="200" width="133" /></a></span></span></div>
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Times,"Times New Roman",serif;"><br /></span></span>
<br />
<span style="font-size: small;">
</span><style type="text/css">P { margin-bottom: 0.21cm; }P.western { }A:link { }</style><br />
<style type="text/css">P { margin-bottom: 0.21cm; }P.western { }A:link { }</style>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-decoration: none;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background: transparent;">Coronelismo,
segundo Victor Nunes Leal, foi um fenômeno da vida política no
interior do Brasil, envolto nas características da vida política
municipal. Seria o resultado da superposição de formas
desenvolvidas do regime representativo a uma estrutura econômica e
social inadequada.</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-decoration: none;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background: transparent;">O
Coronel era o proprietário de terras, que liderava a política nos
municípios do interior do país. Com uma população eminentemente
rural, os votos que ele era capaz de controlar constituíam um fator
importante de barganha política, de modo que o coronelismo se
constitui em uma manifestação do poder privado dos senhores de
terra que coexiste com o regime político representativo.</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-decoration: none;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background: transparent;">A
estrutura agrária do país, onde a maior parte da terra estava na
mão de um número reduzido de pessoas é fundamental para entender o
fenômeno, pois é ela que fornece as bases de sustentação do poder
privado. Ao mesmo tempo o poder público alimentava esse poder, pela
necessidade do controle dos votos. Coronelismo significava um
compromisso entre o poder público e os chefes locais. Embora nem
sempre os chefes políticos fossem proprietários de terras, possuíam
sempre relações próximas com estes.</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: 150%; margin-bottom: 0.35cm; text-decoration: none;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background: transparent;">Havia
ainda uma série de fatores que ajudavam a sustentar e a reforçar o
poder coronelista: o custeamento das despesas eleitorais, a efetiva
realização de algumas melhorias para o município (estradas,
escolas, serviços de saúde), a prestação de favores pessoais,
como a distribuição de empregos. O coronel exercia diversas funções
do Estado, devido ao afastamento deste, em relação aos seus
dependentes. A deficiência de recursos municipais garantia sua
dependência do Estado. A fraqueza financeira dos municípios
contribuiu para sustentar o coronelismo. O compromisso coronelista
implicava no apoio aos candidatos do oficialismo, em troca de carta
branca nos assuntos relativos ao município.</span></span></span></div>
<div class="western" style="line-height: 150%;">
<br /><br />
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-left: 5.08cm; text-decoration: none;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background: transparent;">(...)
<i>a maior parte do eleitorado rural - que compõe a maioria do
eleitorado total - é completamente ignorante, e depende dos
fazendeiros, a cuja orientação política obedece. Em conseqüência
desse fato, reflexo político da nossa organização agrária, os
chefes dos partidos (inclusive o governo, que controla o partido
oficial) tinham de se entender com os fazendeiros, através dos
chefes políticos locais. E esse entendimento conduzia ao compromisso
de tipo “coronelista” entre os governos estaduais e os
municipais, à semelhança do compromisso político que se
estabeleceu entre a União e os Estados. Assim como nas relações
estaduais-federais imperava a “política dos governadores”,
também nas relações estaduais-municipais dominava o que por
analogia se pode chamar “política dos coronéis”. Através do
compromisso típico do sistema, os chefes locais prestigiavam a
política eleitoral dos governadores e deles recebiam o necessário
apoio para a montagem das oligarquias municipais. Para que aos
governadores, e não aos “coronéis”, tocasse a posição mais
vantajosa nessa troca de serviços, o meio técnico-jurídico mais
adequado foram justamente as limitações à autonomia das comunas.</i></span></span></span></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; margin-left: 5.08cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span><br /><br />
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: 150%; margin-bottom: 0.35cm; text-decoration: none;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background: transparent;">Analisando
a vida municipal desde a colônia, onde a principal instância
política eram as câmaras, passando pelo império e chegando até a
republica, onde cada vez mais o poder político se centralizava,
deslizando das mão privadas para a administração pública, o autor
analisa o desenvolvimento das diversas atribuições administrativas
dos municípios, da eletividade para os cargos administrativos, das
fontes de receita, da organização judicial e das polícias e da
legislação eleitoral.</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: 150%; margin-bottom: 0.35cm; text-decoration: none;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background: transparent;">De
modo geral, a política e a administração municipal se encontravam
subordinada aos interesses estaduais e federais (como a questão do
recolhimento de impostos, que beneficiava os estados e a união, em
detrimento dos municípios). O compromisso coronelista era necessário
para garantir votos para o governo, de um lado, e a sustentação do
poder privado dos coronéis, de outro.</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-decoration: none;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background: transparent;">O
coronelismo representou a tentativa de conservação do poder privado
frente a sua decadência. O seu ponto central era a relação de
compromisso entre o poder privado decadente e o poder público
fortalecido.</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-decoration: none;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; margin-left: 5.08cm; text-decoration: none;">
<i><span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background: transparent;">A
superposição do regime representativo, em base ampla, a essa
inadequada estrutura social, havendo incorporado à cidadania ativa
um volumoso contingente de eleitores incapacitados para o consciente
desempenho de sua missão política, vinculou os detentores do poder
público, em larga medida, aos condutores daquele rebanho eleitoral.</span></span></span></i></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; margin-left: 5.08cm;">
<br /><br />
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-decoration: none;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background: transparent;">A
falta de autonomia legal dos municípios era compensada pela extensa
autonomia extralegal, de modo que se perpetuava a dependência dos
municípios para com os estados. Com o fim da república velha o
poder já enfraquecido dos proprietários de terra se esvaziou ainda
mais, sem contudo desaparecer. A partir do Estado Novo foram
pensadas novas formas de gestão para os municípios, de modo a
conseguirem maior autonomia. Contudo, a manutenção das estruturas
agrárias nos mesmos moldes não permitiu uma efetiva superação
desse modelo. Com o crescimento da industrialização e o crescimento
da vida urbana em detrimento do campo, a ampliação da cidadania e
do dinamismo político reduziu muito o poder dos proprietários de
terras, mas os “coronéis” persistem ainda, não do mesmo modo,
como atores políticos relevantes no interior do país.</span></span></span></div>
<div class="western" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br /></span></span><br /><br />
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-decoration: none;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background: transparent;">Bibliografia:</span></span></span></div>
<div class="western" style="line-height: 150%;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="font-variant: normal;"><span style="text-decoration: none;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;"><span style="background: transparent;">LEAL,
Victor Nunes. </span></span></span></span></span><span style="font-variant: normal;"><span style="text-decoration: none;"><i><span style="font-weight: normal;"><span style="background: transparent;">Coronelismo,
enxada e voto: o município e o regime representativo no Brasil.</span></span></i></span></span><span style="font-variant: normal;"><span style="text-decoration: none;"><span style="background: transparent;">
</span></span></span><span style="font-variant: normal;"><span style="text-decoration: none;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-weight: normal;"><span style="background: transparent;">São
Paulo, Alfa - Omega, 1975.</span></span></span></span></span></span></span></div>
<span style="font-size: small;">
</span>Thiagohttp://www.blogger.com/profile/00401726006800737580noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5090075586667408009.post-61068025729941080232011-04-06T11:33:00.000-07:002013-11-12T10:57:55.308-08:00História Geral da África em português.<div style="text-align: justify;">
<span id="tx4">A partir da aprovação da <a href="http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm" target="_blank">Lei 10.639 (2003)</a></span> o ensino de história da África se tornou obrigatório no ensino fundamental e médio.</div>
<div style="text-align: justify;">
<span id="tx4">Eis uma ótima notícia: ficou pronto um dos mais importantes projetos do MEC/Unesco, referente à promoção do ensino da história da África no Brasil. Trata-se da disponibilização gratuita, via internet, de todos os volumes da monumental “<a href="http://www.unesco.org/pt/brasilia/dynamic-content-single-view/news/general_history_of_africa_collection_in_portuguese/back/20527/cHash/fa3a677a3d/" target="_blank">História Geral da África</a>”.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
Um dos projetos editoriais mais importantes da UNESCO nos últimos trinta anos, a coleção é um grande marco no processo de reconhecimento do patrimônio cultural da África, pois permite compreender o desenvolvimento histórico dos povos africanos e sua relação com outras civilizações. </div>
<div style="text-align: justify;">
<span id="tx4"><br />
<img align="left" alt="" src="http://www.revistadehistoria.com.br/v2/docs/image/hist%C3%B3ria%20geral%20da%20%C3%A1frica.jpg" height="380" hspace="10" vspace="5" width="250" /></span><br />
<a name='more'></a><span id="tx4">A publicação da História Geral da África começou a ser planejada na década de 1960 e levou três décadas para ser concluída. O resultado foi uma magnífica obra coletiva, que conta com a presença predominante de historiadores africanos. <br />
Agora, via internet, professores e especialistas brasileiros passaram a contar com material de ótima qualidade para prepararem cursos e pesquisas a respeito da história africana e de suas conexões com a história do Brasil.<br />
Merece destaque o volume V, cujo período estudado diz respeito diretamente ao do tráfico de escravos para o Brasil colonial.<br />
Para saber mais a respeito do “Programa Brasil-África: Histórias Cruzadas”, instituído pela Unesco no Brasil, a partir da aprovação da Lei 10.639 (2003), basta consultar o <a href="http://www.unesco.org/pt/brasilia/crosscutting-mainstreaming-principal-priorities-and-special-themes-of-the-unesco-brasilia-office/fighting-against-racial-discrimination-in-brazil/project-brazil-africa-a-crossed-history/#c60420" target="_blank">site do projeto</a>.<br />
<b></b></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O download da coleção pode ser feito pelos links abaixo: </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/modules/mydownloads_12/visit.php?cid=20&lid=564" target="_blank">História Geral da África: Metodologia e Pré-História da África V. 1</a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/modules/mydownloads_12/visit.php?cid=20&lid=565" target="_blank">História Geral da África: África Antiga V. 2</a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/modules/mydownloads_12/visit.php?cid=20&lid=566" target="_blank">História Geral da África: África do século VII ao XI V. 3</a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/modules/mydownloads_12/visit.php?cid=20&lid=567" target="_blank">História Geral da África: África do século XII ao XVI V. V. 4</a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/modules/mydownloads_12/visit.php?cid=20&lid=568" target="_blank">História Geral da África: África do século XVI ao XVIII V. 5</a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/modules/mydownloads_12/visit.php?cid=20&lid=569" target="_blank">História Geral da África: África do século XIX à década de 1880 V. 6</a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/modules/mydownloads_12/visit.php?cid=20&lid=570" target="_blank">História Geral da África: África sob dominação colonial, 1880-1935 V. 7</a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/modules/mydownloads_12/visit.php?cid=20&lid=571" target="_blank">História Geral da África: África desde 1935 V. 8</a><b><b> </b></b><b><b> </b></b><b><b> </b></b><b><b> </b></b><b><b> </b></b><b><b> </b></b></div>
Thiagohttp://www.blogger.com/profile/00401726006800737580noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5090075586667408009.post-43485019618482688792010-12-09T08:53:00.000-08:002010-12-09T09:05:40.980-08:00Sobrevivendo<div style="text-align: justify;">Esse resumo foi elaborado para a disciplina História do Brasil República I, no segundo semestre de 2010, a partir do primeiro capítulo do livro "Trabalho, lar e botequim", de Sidney Chalhoub.<br />O texto trata das relações das camadas populares na cidade do Rio de Janeiro no início do século XX, época em que a sociedade carioca passava por profundas transformações, com as reformas urbaniśticas de Pereira Passos e o início de um desenvolvimento capitalista.<br /></div><br /><br /><a name='more'></a><br /><br /><br /><div style="text-align: center;">Capitulo 1:<br />Sobrevivendo...<br /><br /><span style="font-style: italic;">inquietações teóricas e objetivos.</span><br /></div><br /><div style="text-align: justify;">Nesse capitulo o autor aborda as rixas e conflitos envolvendo membros da classe trabalhadora do Rio de Janeiro na primeira década do século XX, diretamente associados aos problemas de reprodução da vida material desses indivíduos. Suas tensões e conflitos, além da importância das rivalidades étnicas e nacionais enquanto expressões das tensões provenientes da concorrência da força de trabalho.<br />As rivalidades e conflitos raciais e nacionais são apresentados como sendo alguns dos principais elementos limitadores da eficácia do movimentos operário brasileiro na Primeira República e, se verdadeiros refletiriam uma realidade experimentada pela classe trabalhadora em seu conjunto na pratica cotidiana da vida.<br />Na composição étnica da classe trabalhadora do Distrito Federal predominavam imigrantes, especialmente portugueses, e brasileiros não-brancos e mesmo que houvesse uma certa igualdade de situação de classe eles, esta ficava obscurecida pelo ressentimento mútuo.<br />A reconstrução do preconceito racial passa tanto por uma serie de imposições propaladas de cima para baixo pelas classes dominantes quanto pelos ajustamentos dos populares às condições concretas da luta pela sobrevivência.<br />A capital reunia uma população superior às necessidades da indústria e do setor de serviços, e que era engrossada por migrantes e imigrantes, o que obrigava essa camada a se sujeitar a salários baixos, que deterioravam ainda mais suas condições de existência.<br />A observação de que eram árduas as condições de competição da força de trabalho no mercado capitalista em formação na cidade levanta inúmeros problemas, entre os quais os das rivalidades nacionais e raciais entre os membros da classe trabalhadora, que remete tanto a aspectos inerentes à mentalidade popular – quanto à conjuntura de transição para a ordem capitalista na cidade.<br /></div><br /><div style="text-align: center;"><span style="font-style: italic;">trabalhadores e vadios; imigrantes e libertos: a construção dos mitos e a patologia social.</span><br /></div><br /><div style="text-align: justify;">O mundo do trabalho tornou-se um problema para as elites brasileiras a partir de meados do século XIX, quando a transição do trabalho escravo para o livre colocou as classes dominantes da época diante da necessidade de realizar reajustes em seu universo mental e adequar a sua visão às transformações sócio-econômicas que estavam em andamento.<br />O processo que culminou no 13 de maio realizou finalmente a separação entre o trabalhador e sua força de trabalho. Mas criou o problema do liberto, ao torne-se trabalhador livre, dispor-se a vender sua capacidade de trabalho, o que gerou a tentativa de propor medidas que obrigassem o individuo ao trabalho.<br />O próprio conceito de trabalho precisava se despir de seu caráter aviltante e degradador, característico de uma sociedade escravista, o que gerou um esforço mais amplo de construção de uma nova ética do trabalho.<br />Era consenso ente os deputados de que a Abolição trazia consigo os contornos da desordem. A lei de 31 de Maio ameaçava à ordem, nivelando todas as classes e provocando um deslocamento de profissões e de hábitos de consequências imprevisíveis. A resposta veio em um projeto de repressão à ociosidade.<br />Havia um consenso de que a ordem estava ameaçada e os libertos eram em geral pensados como indivíduos que estavam despreparados para a vida em sociedade. A escravidão não lhes havia dado nenhuma noção de justiça, de respeito à propriedade, de liberdade e por isso era necessário evitar que os libertos comprometessem a ordem, o que tornava necessário reprimir seus vícios e através da educação e criar neles o habito do trabalho através da repressão.<br />Os parlamentares se defrontam com o problema de transformar o liberto em trabalhador. Para isso era necessário educar-los, incutir no individuo o amor e o respeito religioso à propriedade e acima de tudo, amar o trabalho em si, independentemente das vantagens materiais que pudessem daí advir. Ai se colocava a questão de como transmitir a noção de que o trabalho é o valor supremo da vida em sociedade; de como pensar no trabalho como algo positivo, nobilitador, em uma sociedade que havia sido escravista durante mais de três séculos?<br />O que se pensa é incutir no indivíduo o hábito de ser econômico e de viver mais confortavelmente, pois esses hábitos o estimulariam para o trabalho, e nesse contexto a relação patrão-empregado e o paternalismo são os elementos fundamentais.<br />Outro momento importante no processo de construção dessa ideologia do trabalho é a elaboração do conceito de vadiagem, a afirmação do mito da preguiça inata do trabalhador nacional. Esse conceito se constrói a partir de um simples processo de inversão: todos os predicados associados ao mundo do trabalho são negados quando o objeto de reflexão é a vadiagem.<br />Procurava-se uma justificativa ideológica para o trabalho, razões que pudessem justificar a sua obrigatoriedade para as classes populares, construção passa por diversas etapas.<br />A primeira e fundamental é a de que o trabalho é o elemento ordenador da sociedade; o segundo ponto é a relação que se estabelece entre trabalho e moralidade. Era preciso incutir nos cidadãos o hábito de regenerar a sociedade, protegendo-a dos efeitos nocivos trazidos por centenas de milhares de libertos.<br />Essa retórica mal acoberta o objetivo dos legisladores: a pena para o ocioso devia ser bastante longa pois o que se desejavam não era a punição pura e simples do individuo, mas sim sua reforma moral.<br />Há, portanto, uma incompatibilidade irredutível entre manutenção da ordem e ociosidade.<br />Ociosidade que deveria ser combatida, não só porque negando-se ao trabalho o individuo deixava de pagar sua dívida para com a sociedade, mas também porque o ocioso é um pervertido, um viciado que representa uma ameaça à moral e aos bons costumes<br />Outro aspecto interessante é a relação estabelecida entre ociosidade e pobreza, duas condições elementares para que ficasse caracterizado o delito de vadiagem.<br />Existia um má ociosidade e uma boa ociosidade. A má ociosidade é aquela característica das classes pobres, e deveria ser reprimida. A boa ociosidade é um atributo dos nobres deputados e seus iguais.<br />Os parlamentares reconhecem que se deseja reprimir os miseráveis, passam então a utilizar o conceito de “classes perigosas” como sinônimo de “classes pobres”.<br />Diferente é a inserção do imigrante neste mundo do trabalho em processo de construção ideológica. Ele deveria ser “morigerado, sóbrio e laborioso”, deveria servir de exemplo ao trabalhador nacional e a sua não-adequação a estes parâmetros era vista como uma ameaça à ordem social.<br />O universo ideológico das classes dominantes brasileiras na agonia do Segundo Reinado, e depois, durante a República Velha, parece estar dividido em dois mundos que se definem por sua oposição um ao outro: de uma lado, há o mundo do trabalho; de outro, o da ociosidade e do crime.<br />Esse é um discurso ideológico dualista e profundamente maniqueista. Ele coloca no nível mais elevado da hierarquia social os proprietários, seguidos de forma uma tanto distante pelos bons trabalhadores. No nível inferior, nós temos o mundo dos ociosos e finalmente – o mundo do crime.<br />Assim, cria-se um sistema segundo o qual o indivíduo mais bem situado na hierarquia social é sempre mais dedicado ao trabalho, mais moral e ordeiro do que o individuo que o precede e ao contrario, quanto maior a pobreza do individuo, maior sua repulsa ao trabalho e menor a sua moralidade e seu apego à ordem.<br />Esse sistema se caracteriza por uma linha contínua que une o mais moral ao menos moral no universo ideológico, e o mais rico ao mais pobre na estrutura social.<br />A ociosidade e o crime podem ser pensados como elementos constituintes da ordem e, mesmo como elementos fundamentais para a reprodução de um determinado tipo de sociedade.<br />A cidade do Rio de Janeiro recebeu grande número de estrangeiros nos anos imediatamente anteriores à Abolição, sendo que este contingente de imigrantes veio se estabelecer numa cidade que continha na época um grande número de negros e mulatos que viviam suas primeiras experiências como trabalhadores livres<br />Em um rápido debate historiográfico, o autor apresenta a perspectiva de Florestan Fernandes que faz caracterização da sociedade escravista como estamental e de castas cuja desagregação não se refletiu numa mudança substancial da posição social do negro.<br />Os negros e mulatos encontravam-se despreparados para o papel de trabalhadores livres.<br />O problema principal, apontado pelo autor, e suscitado por essa analise é a noção de que negros e mulatos se encontravam num estado de “anomia” ou “patologia social” no período pós-Abolição.<br />A primeira objeção apontada por Chalhoub é a visão do liberto como despreparado para o trabalho livre, destituído de família é perigosamente próxima àquela veiculada pela classe dominante.<br />Outra objeção apontada é que apesar de toda a repressão e violência inerentes à condição de “ser escravo no Brasil”, os negros escravos foram capazes de manter, adaptar ou reconstruir padrões culturais, relações de família e laços de solidariedade e ajuda mútua entre eles.<br />Novas perspectivas de pesquisa sugerem que se parta de uma conceito de cultura menos rígido, que se abandone a pressuposto de um monolitismo em dado meio sócio-cultural e que se deve deixar de encarar a cultura como uma entidade acabada e de procurar enfatizar o caráter multifacetado, dinâmico e até ambíguo da vida cultural.<br />O desviante é visto como é um individuo que faz uma leitura diferente de um código sócio-cultural, isto é, ele não está fora de sua cultura, mas faz dela uma leitura divergente daquela dos indivíduos ditos “ajustados”. Não existiriam desviantes em si mesmo, mas apenas uma relação entre atores que acusam outros atores de transgredir limites e valores de uma determinada situação sócio-cultural. O que existe, então são confrontos entre indivíduos ou grupos concretos, entre acusadores e acusados.<br />O desvio passa então a ser um problema político<br />A existência de facções dos mais diferentes tipos em qualquer grupo humano implica numa permanente possibilidade de confrontos a partir de tensões e divergências entre tais facções.<br />Ao juntar os elos aparentemente perdidos dessas observações de relevância tanto teórica quanto empírica o autor demonstra como o conceito de “política de cotidiano” é bastante útil na medida em que chama a atenção para o fato de que os processos criminais devem ser vistos como a expressão de tensões e conflitos entre grupos ou indivíduos, permitindo assim que nos livremos um pouco do conceito de “comportamento desviante”<br />O processo histórico por que passou a cidade do Rio de Janeiro na Primeira República apresentou um traço continuísta fundamental em relação aos tempos coloniais e imperiais: a continuação da subordinação social dos brasileiros de cor, ou seja, o negro passou de escravo a trabalhador livre, sem mudar, contudo, sua posição relativa na estrutura social.<br />Os brasileiros de cor foram os grandes perdedores.<br />É importante entender de que forma as determinações históricas mais amplas interferem, ao mesmo tempo que se forjam, nas situações micro-históricas concretas e, em longo prazo, apontam os vencedores da luta cotidiana pela sobrevivência e pelas possibilidades de ascensão social entre os trabalhadores.<br /></div><br /><div style="text-align: center;"><span style="font-style: italic;">Companheiros de trabalho, desempregados e gatunos</span><br /></div><br /><div style="text-align: justify;">O papel fundamental desempenhado pelas rivalidades nacionais e raciais nos conflitos em situações de trabalho sugerem uma forte tendência entre os imigrantes da mesma nacionalidade de se mostrarem solidários nessa ocasiões.<br />Os traços comuns entre as contendas que o autor analise no livro são relativamente fáceis de se identificar. Primeiro, revelam uma situação altamente competitiva no trabalho; segundo, a competição se manifesta principalmente por meio das lutas entre imigrantes e nacionais<br />Esse traços demonstram a importância dos conflitos nacionais e raciais enquanto expressão das tensões provenientes da luta pela sobrevivência.<br />Os processos que relatam conflitos entre imigrantes mostram as redes íntimas de solidariedade e ajuda mútua que estes imigrantes teciam entre si. Ao mesmo tempo revelam que a situação de penúria que reforçava estas redes de solidariedade entre patrícios impunha também certos limites a essas práticas de ajuda mútua, pois a necessidade de competir pela obtenção dos meios de sobrevivência obscurecia algumas vezes os laços de solidariedade nacional.<br />A um pequenos número de casos de brigas entre brasileiros em situação de trabalho, item que parece confirmar o argumento e que as rivalidades nacionais e raciais eram a principal expressão dos conflitos que envolviam a luta pela reprodução da vida material.<br />A característica essencial destas tensões e rixas associadas aos problemas de reprodução da vida material de nossos personagens era o fato de que elas se exprimiam principalmente através de conflitos entre imigrantes e brasileiros pobres, especialmente os de cor. Estes conflitos dão-se num momento preciso da história da cidade, num momento de transição para a ordem capitalista. Situação altamente competitiva para os membros da classe trabalhadora, pois o mercado de trabalho assalariado em formação na cidade não tem condições e absorver esta mão-de-obra abundante.<br />Mas entre os membros da classe trabalhadora, que sofreu como um todo os resultados concretos dessa transição para a ordem capitalista e a ideologia do progresso que a acompanhava, houve vencedores e perdedores. Mas a competição pela sobrevivência e pela ascensão social entre os populares tendia a colocar em campos opostos de luta imigrantes e brasileiros, especialmente os de cor e parece resultado da contradições senhor-patrão branco versus escravo-empregado negro, e colonizador-explorador português versus colonizado-explorado brasileiro.<br />Deste confronto, reativado no período pós-abolição através da chegada maciça de imigrantes resultou a recriação ou a continuação em um novo contexto da subordinação social do negro brasileiro.<br />Primeiramente a predisposição por parte das classes dominantes em pensar o negro como uma mau trabalhador e em reconhecer no imigrante um agente capaz de acelerar a transição para a ordem capitalista significava que os indivíduos tendiam a exercer práticas discriminatórias contra os brasileiros de cor quando da contratação de seus empregados. Promover o “progresso” significava “branquear” a população nacional, suporte básico a idéia da superioridade da raça branca<br /></div><br /><div style="text-align: center;"><span style="font-style: italic;">Patrão e empregado.</span><br /></div><br /><div style="text-align: justify;">A imagem da relação patrão-empregado geralmente veiculada pelas classes dominantes na República Velha era de que esta se assemelhava em muitos aspectos à relação entre pais e filhos. O patrão era o “juiz domestico” que deveria guiar e aconselhar o trabalhador, que deveria em troca realizar suas tarefas com dedicação e respeitar seu patrão.<br />O autor aponta a questão de até que ponto esse modelo é compatível com relações de produção do tipo capitalista.<br />Há diferenças no conteúdo do paternalismo na relação patrão-empregado dependendo do tipo de atividade econômica na qual se realiza essa relação<br />Os casos relatados sugerem, portanto, que nos pequenos empreendimentos agrícolas nas freguesias rurais da cidade havia a possibilidade de uma relação bastante estreita entre patrão e empregado, o que diminuía de certa forma a distância social entre eles e era semelhante à descrita nos casos rurais.<br />Tanto nos pequenos empreendimentos rurais quanto nos urbanos, a atitude paternalista dos patrões tem o claro sentido de possibilitar o aumento da exploração da força de trabalho.<br />Nos pequenos estabelecimentos comerciais o empregado se sentia quase como um sócio de seu patrão, identificava-se inteiramente com os interesses dele e essa identificação aumentava ainda mais quando ambos eram imigrantes<br />Um outro indicador de que o teor paternalista da relação patrão-empregado funcionava como eficiente mitigador de conflitos é o pequeno número de casos de brigas entre patrão e empregado.<br />Parece existir uma relação direta entre maior grau e hierarquização das posições no trabalho e a ocorrência de conflitos durante o serviço, pelo menos em empreendimentos econômicos de pequeno ou médio porte. A maior hierarquização aumenta a distância entre os patrões e os empregados mais subalternos, criando uma camada intermediária de funcionários privilegiados que não é bem vista pelos funcionários inferiores.<br />As evidencias indicam que o aumento das mediações da hierarquia de comando enfraquece de certa forma a eficácia da dominação paternalista, acirrando-se então os conflitos que representam,por via de regra, os interesses do patrão.<br /></div><br /><br /><div style="text-align: center;"><span style="font-style: italic;">senhorio e inquilino</span><br /></div><br /><div style="text-align: justify;">Para sobreviver, os nossos personagens não precisam apenas de uma atividade que lhes garanta um rendimento, precisam também de um teto, o que era um problema sério no início do século XX<br />A organização do espaço urbano numa sociedade capitalista ou em transição para o capitalismo seria um mecanismo de controle social e econômico, utilizado pela burguesia, visando principalmente organizar e disciplinar a força de trabalho. O desenvolvimento do capitalismo traz assim o surgimento das grande metrópoles modernas<br />O crescimento da população nas três ultimas décadas do século XIX provoca o agravamento do problema da moradia.<br />Dentro do contexto das transformações econômicas que estariam ocorrendo no país havia um processo de acumulação e concentração de capitais por parte de uma burguesia emergente que impigia em proveito próprio diversas transformações urbanas que mudavam pouco a pouco o panorama da cidade<br />A burguesia comercial tradicional, que empregava capital e crédito na exportação de produtos agrícolas e na importação de manufaturas, cedia terreno e uma nova burguesia comercial, que voltava seus interesses para os setores dos transportes, serviços em geral e indústria nascente.<br />A valorização do espaço urbano ia abrindo caminho para a especulação imobiliária, o que incidiu diretamente sobre habitações populares.<br />Há a hipótese de que a segregação habitacional imposta pelas reformas urbanas do período representa uma projeção de estruturação de classes característico de uma sociedade em fase de transição para uma economia de moldes capitalistas<br />O setor industrial que foi realmente beneficiado pelas transformações foi o da construção civil<br />As transformações urbanas de 1902 a 1906 opuseram dois grupos distintos. De um lado a pequena burguesia ocupada até então com a especulação imobiliária, a exploração das casas de cômodos e dos cortiços e o pequeno comércio varejista. De outro a a burguesia comercial.<br />No confronto entre grande burguesia industrial e pequena burguesia exploradora das habitações coletivas e do comércio os maiores perdedores foram os membros da classe trabalhadora.<br />Brigas entre senhorio e inquilinos mostram bem a gravidade da questão da habitação e as picaretas ajudaram a desorganizar a vida de muitas pessoas e agravaram ainda mais as já precárias condições de sobrevivência das classes populares.<br />Porem renovando tradições antigas, reforçando e construindo novos laços de solidariedade e ajuda mútua, os populares realizaram ajustes em seu modo de vida que lhes permitiram sobreviver à ânsia demolidora da grande burguesia indusatrial<br /></div><br /><br /><div style="text-align: center;"><span style="font-style: italic;">Conclusão - ambiguidades, paradoxos na experiência de vida da classe trabalhadora; o caso dos estivadores</span><br /></div><br /><div style="text-align: justify;">O texto procura compreender como a classe trabalhadora vivencia a dominação de classe e o controle social numa sociedade capitalistas, a complexidade dos mecanismos de controle social e o problema de tentar explicar a eficácia e os limites do exercício deste controle a partir da reconstrução das condições de vida e da visão de mundo da classe trabalhadora em questão.<br />O controle social no mundo capitalista abrangia a totalidade das relações sociais e em todas as esferas da vida se tem explicação de um mesmo tipo de controle, que se expressa de diversas formas<br />Não basta então perceber uma relação de dominação, é necessário pensar também nos elementos da ideologia popular que facilitam a reprodução destas relações sociais<br />As divisões nacionais e raciais foram aspectos que obstaculizaram um processo de tomada de consciência destes populares a serviu como elemento de facilitação do controle social<br />A característica mais particular do processo é que no Rio de Janeiro havia processo de fixação de valores que iriam justificar e reforçar a transição para a ordem burguesa no país.<br />As condições árduas da luta pela sobrevivência deveriam incutir nos membros da classe trabalhadora a idéia de que tinham que competir uns com os outros no intuito de garantir a reprodução material de sua existência.<br />De uma lado o mundo do trabalho era em geral conflituoso, onde os indivíduos competiam com o intuito de garantir um meio de sobrevivência, mas por outro lado, a necessidade de sobreviver se traduz na construção de redes de solidariedade e ajuda mútua entre familiares, amigos e vizinhos, que visam viabilizar a reprodução da existência de todos.<br />A realidade do controle social, do ponto de vista da classe trabalhadora era ambíguo e paradoxal<br />analisando a classe trabalhadora em movimento a idéia mais exata de quanto as ações e atitudes do dia-a-dia criaram um padrão ideológico que contem em si os limites necessários da consciência de classe desses homens num determinado momento histórico<br />Viver competitivamente significava também interpretar sucessos e fracassos como resultados principalmente de potencialidades e realizações individuais, diluindo a consciência que esses homens necessitavam ter do fato de que pertenciam a uma mesma classe social, o que tornava a necessidade de criar organizações fortes para reivindicar direitos de classe uma experiência difícil e contraditória para os estivadores e alguns conflitos individuais entre trabalhadores se explicam a partir de concepções diferentes que estes homens tiveram da relação patrão-empregado<br /></div><br /><br /><br /><div style="text-align: justify;">Bibliografia.<br /><span style="font-weight: bold;">Sidney Chalhoub. "Trabalho, lar e botequim: o cotidiano dos trabalhadores no Rio de Janeiro na belle époque"</span><br /></div>Thiagohttp://www.blogger.com/profile/00401726006800737580noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5090075586667408009.post-20069242763727748912010-12-08T03:45:00.000-08:002010-12-08T03:56:06.507-08:00Resistência e aceitações: diferentes formas de opressão.<div style="text-align: justify;"> <title></title><meta name="GENERATOR" content="OpenOffice.org 2.3 (Linux)"> <style type="text/css"> <!-- @page { margin: 2cm } P { margin-bottom: 0.21cm } --> </style> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%; text-align: justify;"> <span style="">O presente texto é uma comparação entre o capítulo 6, “</span><b>Os africanos e os afro-americanos no mundo atlântico: vida e trabalho.”, </b><span style="">retirado do livro</span><b> </b><span style="">de</span><b> John Torthon. “A África e os africanos na formação do mundo atlântico.” </b><span style="">e o capítulo 7, “</span><span style="font-style: normal;"><b>Inquisições, moralidade e sociedade colonial”, </b></span><span style="font-style: normal;"><span style="">retirado do livro </span></span><span style="font-style: normal;"><b>“</b></span><span style="font-style: normal;"><b>Trópico dos pecados: moral, sexualidade e inquisição no Brasil</b></span><span style="font-style: normal;"><b>”, de Ronaldo Vainfas.</b></span></p><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></p><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%; text-align: justify;">
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<br />O texto de Torthon aborda a questão do movimento dos africanos para a América, através do tráfico de escravos, e os efeitos que essa viagem teve sobre sua cultura. Torthon faz uma analise sobre a circunstâncias políticas, demográficas e econômicas levaram os africanos ao Novo Mundo; sobre como esta mão-de-obra escrava e explorada, seus descendentes e sua relevante contribuição cultural foram fundamentais na formação do mundo atlântico. Como esse impacto cultural foi o produto de sua integração nesse novo mundo, onde eles ocuparam posições geográficas importantes nas áreas de maior transformação cultural e como sua natureza dependeu muito das conjunturas sociais em que os escravos viram-se inseridos nas economias do atlântico, em uma situação identificada como não tendo sido de modo algum uniforme.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%; text-align: justify;"> O autor faz a analise do comércio de escravos e suas consequências, que dependiam da variedade de situações de trabalho a que estariam submetidos, sendo a rota dos escravos uma experiência comum compartilhada por todos eles e o tráfico negreiro constituindo uma peça fundamental para a sua descaracterização cultural.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%; text-align: justify;"> A rota dos escravos é entendida então como ponto de partida para a formação de grande parte do mundo atlântico e uma experiência partilhada por todos os escravos recém chegados.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%; text-align: justify;"> Experiência essa marcada pelo fato dos comerciantes de escravos terem interesse em alojar o maior número possível de escravos nos navios, o que contribuiu muito para tornar a viagem extremamente desagradável e representava para muitos uma morte lenta e dolorosa.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%; text-align: justify;"> E embora as condições físicas pudessem ser frustrantes e perigosas o maior perigo consistia na redução de suprimentos de comida e água e aos perigos da sub-alimentação somavam-se o da desidratação, consequências impossíveis de se evitar em uma travessia transatlântica, que agravava-se com as doenças.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%; text-align: justify;"> Ele demonstra a impossibilidade de se generalizar sobre o modo de vida dos escravos no mundo atlântico, dado o amplo leque de tarefas que eles desempenhavam. Mas mesmo assim é possível dividir o enfoque em dois extremos: a vida como trabalhadores agrícolas e a existência protegida do escravo doméstico. E embora as condições da vida rural fossem muito diversificadas, ele comprovou-se que a vida nunca foi fácil para esses africanos.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%; text-align: justify;"> Como praticamente todas as atividades eram perigosas e envolviam a exploração da força de trabalho, o grau em que esses fatores afetaram o processo familiar, a comunidade e a transmissão cultural entre as geração ainda depende de outros elementos do regime de trabalho, já que mesmo em péssimas condições os escravos conseguiam formar comunidades e a<span style="">s circunstâncias que provocavam essas situações eram muito diversas.</span></p><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%; text-align: justify;"> <span style="">Analisando o caso do</span><span style="font-style: normal;"><span style="">s escravos domésticos e dos trabalhadores urbanos, Torthon demonstra como esses escravos eram mais afortunados e podiam usufruir de uma vida cultural e social plena, quando comparados com os escravos rurais. E suas condições de vida permitiam que muitos controlassem seu tempo, podendo assim ter contato com outros africanos. </span></span> </p><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; font-style: normal; line-height: 150%; text-align: justify;"> Esses escravos teriam também maior controle sobre seu tempo de laser e trabalho, o que não significa que não eram explorados ou não estivessem sujeitos aos desmandos de seus donos, mas, assim como no caso de escravos-rurais, os maus-tratos e uma vida difícil não os impediam de ter a criar seus filhos e de usufruir de uma vida social e cultural e provavelmente tinham uma taxa de sobrevivência mais alta e mais oportunidades de casamento.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; font-style: normal; line-height: 150%; text-align: justify;"> Por fim ele conclui que mesmo com o caráter exploratório da instituição da escravidão ou o trauma da travessia transatlântica e a subseqüente escravização, a condição em si não resultaria em um permanente estado de choque psicológico e mesmo nos sistemas mais brutais, comunidades de escravos se formaram, crianças foram criadas e sua cultura preservada, modificada e transmitida, a condição de escravos não impedindo o desenvolvimento de uma cultura com influencia africana na América.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; font-style: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></p><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%; text-align: justify;"> <span style="">Já o texto de Ronaldo Vainfas aborda a questão de mesmo com o não estabelecimento da Inquisição no Brasil, essa instituição não deixou de atuar na Colônia </span><span style="font-style: normal;"><span style="">desde meados do século XVI, a partir da instalação de diocese baiana, quando eram então os bispos encarregados dos negócios inquisitoriais.</span></span></p><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; font-style: normal; line-height: 150%; text-align: justify;"> Ele demonstra como apenas com a visitação inquisitorial à Bahia e a Pernambuco entre 1591 e 1595, que se inaugurou efetivamente a atuação mais formalizada do Santo Ofício no Brasil. E entre as suas razões especula as perseguições contra cristãos novo, animo de expandir o catolicismo e a investigação da fé.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; font-style: normal; line-height: 150%; text-align: justify;"> Analisando como a maquina inquisitorial pode funcionar na vastidão América portuguesa, apesar das dificuldades ele revela como teriam pouca valia as visitas se não fosse a adesão popular ao apelo das autoridades eclesiásticas. Conivência que resultava da "pedagogia do medo", sendo o pânico inspirado pelo inquisidor, e a ameaça geral que o simples nome do Santo Ofício representava mais um fator que se juntava-se às variadas intimidações cotidianas.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; font-style: normal; line-height: 150%; text-align: justify;"> Por fim ele demonstra como apesar de teoricamente as Inquisição estar acima das divisões sociais da Colônia, que perderiam sua validade durante sua atuação ela na verdade espelhava os privilégio daquela sociedade.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; font-style: normal; line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></p><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; font-style: normal; line-height: 150%; text-align: justify;"> Os dois autores abordam em seus textos objetos diferentes, mas que de certa forma demonstram mecanismos de repressão das classes dominantes que atuaram no período colonial, desde a instituição da escravidão, com todos os seus mecanismos que visavam desmontar ao máximo a cultura dos africanos para tentar garantir sua total obediência até o temor que a Inquisição despertava na Colônia desmontando as relações sociais ao mesmo tempo que as espelhava, e as formas como reagiram, ou deixaram de reagir, esses grupos subalternos.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; font-style: normal; line-height: 150%; text-align: justify;"> Ao final, no caso dos africanos, fica demonstrado que apesar de todas as opressões eles foram capazes de manter e de transmitir sua cultura, enquanto os colonos europeu se curvaram ou fugiram diante da inquisição.</p><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></p><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></p><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></p><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></p><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></p><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%; text-align: justify;">
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<br /></p><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%; text-align: justify;"> <b>Bibliografia:</b></p><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%; text-align: justify;"> <b>TORTHON, John. “Os africanos e os afro-americanos no mundo atlântico: vida e trabalho”; in: “A África e os africanos na formação do mundo atlântico.</b></p><div style="text-align: justify;"> </div><p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%; text-align: justify;"> <b>VAINFAS, Ronaldo. “Inquisição, moralidades e sociedade colonial”; in: “</b><span style="font-style: normal;"><b>Trópico dos pecados: moral, sexualidade e inquisição no Brasil”</b></span></p> Thiagohttp://www.blogger.com/profile/00401726006800737580noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5090075586667408009.post-53378043006104057092010-12-02T10:04:00.000-08:002010-12-08T05:25:26.363-08:00METAMORFOSES<div style="text-align: center;">NAS MARGENS:<br />TRÊS MULHERES DO SÉCULO XVII<br /></div><div style="text-align: justify;"><br /><br />O livro "Nas Margens" de Natalie Davis traz a história de três mulheres do século XVII: Glikl bas Judah Leib, uma judia de Hamburgo; Marie de l'Incarnation, mística que se torna ursulina em Tours, mas troca a segurança da Europa pelos desafios de fundar um convento no Canadá; e Maria Sibylla Merian, pintora e entomologista protestante de Frankfurt, que viaja aos 52 anos, acompanhada unicamente por sua filha mais nova, ao Suriname.<br />Qual seria o denominador comum entre essas três mulheres, portadoras de experiências tão diversas e que, além disso, nunca se encontraram?<br />O texto que apresento aqui é uma resumo do terceiro capítulo e da conclusão do livro, que elaborei para a disciplina História Moderna I, no segundo semestre de 2010.<br /><br /><br /><a name='more'></a><br /><br /></div><br /><div style="text-align: center;">CAPÍTULO 3<br />MARIA SIBYLLA MERIAN<br />METAMORFOSES<br /></div><div style="text-align: justify;"><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrIiGq6ObzULW5jPIEToL-Oujf2GLo-Db5IL_VUzZaTWH-K6xULBJ6f4p_F09hl2DFi9kRRzRibbdekl_DqjPzvbuJdW8F-OHw03XPIvg2SbHYpyfkh3uhzFLgc5HfwAjHqqjkiL8YNIwP/s1600/mariasm.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 164px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrIiGq6ObzULW5jPIEToL-Oujf2GLo-Db5IL_VUzZaTWH-K6xULBJ6f4p_F09hl2DFi9kRRzRibbdekl_DqjPzvbuJdW8F-OHw03XPIvg2SbHYpyfkh3uhzFLgc5HfwAjHqqjkiL8YNIwP/s200/mariasm.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5548301916110134818" border="0" /></a>Maria Sibylla Merian nasceu em 1647, na cidade de Frankfurt am Main. Filha do artista e editor Mathias Merian e Johanna Sibylla Heim. Seu pai morreu quando ela contava apenas três anos e Johanna se casou novamente como viúvo Jacob Marrel,<br />pintor especializado em natureza morta, gravador e marchand. Embora não fossem membros da elite dominante ambos possuíam riqueza e prestigio, e como artistas se situavam bem acima dos artesãos na hierarquia social de Frankfurt.<br />Praticamente todas as mulheres que se dedicaram à arte no inicio da era moderna pertenciam a uma família de artistas, embora existissem diferenças entre mulheres artistas e seus irmãos.<br />Ao mesmo tempo em que aprendia bordado Maria Sibylla assistia aulas que o padrasto ministrava a alunos varões, iniciando-se assim, nas artes do desenho, da aquarela, da pintura de natureza-morta e na gravura em cobre.<br />Outra diferença era que artistas homens se aperfeiçoavam viajando e freqüentando ateliês.<br />Maria Sibylla permaneceu sob a tutela da família, mas Frankfurt lhe proporcionava uma material visual bastante rico, além de algo mais modesto: lagartas. Maria Sibylla diria mais tarde que iniciara suas observações aos treze anos. Parece que ninguém se opôs a tal paixão, embora sua família a considerasse estranha.<br />O homem que esposaria Maria Sibylla em 1665, Johann Andreas Graff era um dos alunos favoritos de Jacob Marrel.<br />O casal morou em Frankfurt durante cinco anos, tempo em que nasceu sua filha Johanna Helena. Depois se mudaram para Nuremberg. Ali Maria Sibylla se dedicou à pintura em pergaminho e linho, ao bordado e a gravura, além de lecionar para um grupo de moças.<br />O casal levava uma vida aparentemente perfeita para uma família de artistas em sua época.<br />Seu primeiro livro nada tina de espantoso, mas em 1679 era publicado seu Raupen ou A maravilhosa metamorfose das lagartas e sua singular alimentação à base de flores [...] pintadas ao natural e gravadas em cobre, ao qual se seguiu um segundo volume em 1683.<br />Seu interesse pela beleza relacionava-se com a tradição da natureza-morta em que se formara. Quando realizou seus estudos com insetos vivos, as mariposas e lagartas de seu Raupen não estavam ali só para reforçar o que existia de vivo nas imagens florais, estavam ali por sua própria importância. Seus insetos e plantas contavam uma história de vida, o tempo transcorria em suas imagens para evocar um processo de mudança especifico e interligado. Sua obra estava imbuída de espírito religioso.<br />Seus foco de interesse estava nas características exteriores dos insetos ao longo do processo de metamorfose e nas plantas que serviam de alimentos às larvas nas diversas épocas do ano. Sua visão era, de certa forma, ecológica. Merian concentrou-se nas interações processadas na natureza e nos processos orgânicos transformativos. Os livros conduziam o leitor através de um caminho visualmente surpreendente e agradável.<br />A publicação do Raupen constituiu um feito "notável" para uma mulher. Maria Sibylla constitui um exemplo único do século XVII. Outras contemporâneas que se dedicaram à pintura de naturezas-mortas incluíram insetos em seus quadros, porém não chegaram ao ponto de cria-los e estuda-los, outras colecionavam borboletas, mariposas e lagartas, porém nãoescreveram sobre elas, nem as representaram.<br />Merian foi uma pioneira: atravessou as fronteiras da instrução e do sexo para adquirir conhecimentos sobre insetos e criou as filhas ao mesmo tempo que observava, pintava e escrevia. Temos aqui não uma cabeça feminina às voltas com a análise ou eternamente presa ao orgânico e sim uma mulher que se dedicou à atividade científica numa margem criativa situada entre o laboratório doméstico e a douta academia.<br />Mais explicitamente importante que seu sexo era a legitimação, ou melhor, a santificação de seu trabalho de entomologia por meio da religião.<br />Maria Sibylla ainda não passara pela experiência da conversão quando começou a publicar o Raupen, porém a ênfase que deu à criatividade divina e o "entusiasmo" com que falou dos insetos e de sua beleza certamente lhe prepararam os ouvidos para as cadências proféticas e líricas que logo lhe encheriam o mundo.<br />Em 1683 os Graff retornaram à Frankfurt a fim de resolver questões de família e propriedade. No verão de 1685 o processo terminou, e Graff, que passara algumas temporadas em Nuremberg desenhando cenas urbanas, voltou definitivamente para casa. Em vez de acompanha-lo Maria Sibylla seguiu com a mãe e as duas filhas para Wieuwerd, na Frísia, onde pretendia ingressar na comunidade labadista. A conversão ocorreu em Frankfurt durante a querela familiar.<br />O que se seguiu foi uma enorme transformação. Embora não fosse obrigada a separar-se das filhas, Maria Sibylla passou por mudanças cruciais. Tratava-se de abandonar imediatamente a violência, o orgulho e a concupiscência do mundo e viver a vida dos regenerados, com absoluto arrependimento.<br />A comunidade deveria crescer e transformar-se em uma Nova Jerusalém. Todas as línguas e todas a posições sociais eram bem acolhidas.<br />Em Waltha a única hierarquia importante era a espiritual, com a “primeira classe” dos eleitos, todos Irmãos e Irmãs, acima de “segunda classe” de aspirantes, ainda presos ao egoísmo.<br />Os pertences dos aspirantes eram doados imediatamente à comunidade, para uso de todos; e a admissão na “primeira classe” implicava a renúncia a qualquer propriedade deixada no mundo pecaminoso.<br />Em 1690 escreveu às autoridades de Frankfurt declarando que não possuía bens nessa cidade e que tudo o que lhe atribuíam pertencia a Johann Andreas Graff. O casamento chegara ao fim. Está claro que Johann Andreas não partilhava seu entusiasmo religioso e fracassou ao tentar tira-la de Wieuwerd.<br />Embora as filhas conservassem o sobrenome Graff, Maria Sibylla retomou o nome Merian e a partir dos 39 anos viveu sem marido.<br />Dentro da economia espiritual dos labadistas de amor e castigo alguns se sentiam renovados e contentes, enquanto outros começavam a ressentir-se da mortificação.<br />Quaisquer que sejam as consequências do desenvolvimento espiritual de Merian, o campo do trabalho é o que pode ser melhor rastreado durante seu estágio entre os labadistas. No caso dos estudos da natureza Maria Sibylla podia facilmente defender-lhes a importância religiosa. As plantas e os insetos eram não só criaturas de Deus, mas também exemplos do “eu inocente”. Além de realizar todas as tarefas que a comunidade lhe atribuía, Maria Sibylla procurava lagartas e mariposas nos brejos e charnecas da Frísia e estendia seu interesse a sapos. Tinha um livro de bom papel branco e usando molduras de papel azul-cinzento, colocou ali sua coleção de pequenas aquarelas. Parece que esse livro constituiu não só um estudo da natureza como um exercício espiritual. É um história de vida, um Lebenslauf do tipo que um convertido devia apresentar a uma seita para justificar sua admissão.<br />Cinco ou seis anos depois ela mudou de opinião a respeito dos labadistas e partiu para o mundo perverso de Amsterdam.<br />Para uma artista-naturalista que resistira a todos os sistemas classificatórios a nítida fronteira estabelecida entre eleitos e o mundo talvez tivesse começado a perder o encanto. A parte sua importância simbólica ou afetiva, tal fronteira teve consequências de ordem prática na vida de Merian.<br />Em algum momento de verão de 1691 Maria Sibylla decidiu deixar a Nova Jerusalém com as duas filhas e suas pinturas, gravuras e espécimes. Depois disso Merian não fez nenhuma declaração sobre os labadistas.<br />Maria Sibylla retomou as aulas de pinturas que a sustentaram em Nuremberg e Frankfurt; suas aquarelas com flores insetos e aves encontraram compradores importantes.<br />Parece que sua única dificuldade consistiu em expor ao mundo decaído sua condição de mulher divorciada em circunstâncias incomuns.<br />Paralelamente os volumes do Raupen ganhavam as bibliotecas científicas da Inglaterra e sua obra entomológica progredia, sendo bem recebida pelos naturalistas e colecionadores de Amsterdam. No entanto faltava a essas coleções algo muito importante: as origens e subseqüentes transformações dos insetos. Sua coleção de “plantas e insetos das Índias Orientais e Ocidentais” aparentemente também deixava muito a desejar. Ademais essas coleções pouca influência tinham sobre os livros de entomologia contemporâneos. Assim ela decidiu fazer uma longa e dispendiosa viagem ao Suriname.<br />Foi uma viagem extraordinária para os padrões da época. Embora estivessem sob a proteção do capitão Maria Sibylla Merian, de 52 anos, e sua filhas Dorothea, de 21, constituíam uma anomalia, viajando à conta de negócios estranhos e sem companhia masculina. Como viajem de uma artista-cientistas a viagem também era incomum.<br />Maria Sibylla Merian não contava com nenhuma regalia. Certamente a existência de uma colônia holandesa no Suriname constituía um requisito básico para sua pesquisa, todavia Merian não tinha ligação formal com membros do governo nem de instituições religiosas que lhe abrissem caminho.<br />Ao menos estava livre para tomar as próprias decisões. Em fevereiro de 1699 pediu a um agente que vendesse uma grande quantidade de suas pinturas de frutas, plantas e insetos, bem como numerosos exemplares adquiridos na Alemanha, na Frísia e na Holanda e enviados das Índias.<br />As mudanças ocorridas na vida dela a haviam preparado para essa aventura. Entre labadistas, ouvira falar muito do Suriname. Nos anos que antecederam sua chegada Wieuwerd os Irmãos e Irmãs enviaram dois grupos de devotos para a América. Um grupo adquiriu terras em Maryland e outro refugio surgiu em 1683. Nos dois anos seguintes mais de quarenta labadistas chegaram à colônia.<br />Em fins de 1686 os colonos começaram a voltar para Wieuwerd, poucos anos depois não havia mais dúvidas de que o empreendimento falhara. Poucos Irmãos e Irmãs permaneceram no Suriname até a década de 1690.<br />O resíduo dessa experiência deve ter sido complexo para Maria Sibylla. Por um lado, um sonho de provação heróica num clima perigoso e o atrativos de um mundo de insetos desconhecido e exótico, por outro lado uma consciência de que a aventura religiosa na selva fracassara. Merian partiu para o novo mundo levada não tanto pelo fervor religioso quanto a necessidade de redefinir mais concretamente suasaspirações.<br />Merian nunca produziria a Metamorphosis se permanecesse entre os eleitos, mas também nunca iria ao Suriname se não tivesse um dia ousado ser labadista.<br />No final do verão de 1699 Maria Sibylla e Dorothea desembarcaram. A proprietária e administradora era a Sociedade do Suriname.<br />O açúcar era então o único produto de exportação da colônia e a sua obsessão, o trabalho pesado ficava por conta dos escravos e também um pequeno número de ameríndios.<br />Maria Sibylla instalou-se com Dorothea numa casa de Paramarimbo, onde, em Outubro de 1699, no auge da estação seca, pintou e registrou suas primeiras metamorfoses. Tinha algumas relações que poderiam ajuda-la, incluindo algumas famílias da elite.<br />Maria Sibylla comprou ou ganhou alguns escravos, entre os quais um índio e uma índia.<br />Merian mergulhou na tarefa de descobrir, criar e registrar, vendo mais utilidade nos africanos e ameríndios do que nos agricultores europeus. Seu trabalho de observação tinha lugar em seu próprio jardim e também a floresta repleta de pássaros.<br />Com Dorothea e seus africanos e ameríndios visitou propriedades ao longo do Suriname em busca de novas lagartas, começando na estação chuvosa de abril de 1700, quando viajou 60km rio acima até a colônia providência.<br />Em junho de 1700, ela estudou especialmente as lagartas alimentando-se com flores de mandioca. Viajando ou em Paramarimbo, conversava como insetos e uso das plantas com seus trabalhadores e outros ameríndios e africanos.<br />Além da infindável curiosidade havia a tarefa da representação. Primeiramente esboçava as figuras ao vivo e depois, pintava sobre pergaminho as lagartas e crisálidas com os respectivos alimentos e ao mesmo tempo rotulava borboletas, mariposas, besouros e tudo o que mais que pudesse conservar em conhaque ou prensar.<br />Ao cabo de quase dois anos não conseguiu mais suportar o calor, e encerrou sua estadia no Suriname. Em 18 de junho de 1701 partiu com Dorothea para a Europa. Antes de embarcar combinou com um habitante local o envio futuro de exemplares para comerciar.<br />Quatro anos depois a Metamorphosis insectorum surinamensium veio a luz em Amsterdam.<br />O dinheiro ainda não era suficiente para cobrir os gastos e pagar os empréstimos feitos para a viagem. O livro foi publicado em holandês e latim, e era ao mesmo tempo editora e autora.<br />Aqui seu modo característico de mostrar os processos e as relações da natureza, aplicou-se a criaturas e plantas que os europeus desconheciam ou achavam bizarras. Os insetos do Novo Mundo foram para o centro do palco, observados por um olhar arguto e descritos por quem mantinha estreito contato com as comunidades científicas da Europa.<br />A estratégica narrativa global era de natureza estática, como no Raupen, e habilmente conduzia o leitor europeu de um lado a outro, do familiar ao estranho. A estratégia de Merian teve seus críticos.<br />Entre a Metamorphosis e o Raupen há, porém, importantes diferenças. Merian realizou um esforça explicito de relacionar suas descobertas com as de outros naturalistas. Denominou cada planta segundo os vocabulários ameríndio e/ou holandês do Suriname. E indicou se a espécie se encontrava no Jardim Botânico de Amsterdam e se fora incluída em obras anteriores sobre plantas não européias.<br />Desde a primeira edição do Raupen a presença divina se tornará muito menos evidente no seu trabalho, Maria Sibylla Merian fora além da simples frieza em relação ao separatismo labadista e chegara a uma visão desapaixonada da presença e do poder de Deus no mundo.<br />Ao afastar Deus da natureza Maria Sibylla criou um vazio emocional e intelectual que tratou de preencher de dois modos. Primeiro, com seus projetos sobre a utilidade de plantas e insetos; segundo, com as suas observações sobre os ameríndios e africanos no Suriname.<br />Merian reconheceu que africanos e ameríndios a ajudaram a encontrar e manusear insetos. Até deram testemunho sobre eles. Contudo, a própria Maria Sibylla despertou o leitor para as condições da escravidão em seu texto sobre a Flos pavonis.<br />O que distingue o relato de Merian é seu tom de conversação com as mulheres que falavam em abortar os filhos para não os dar a luz como escravos.<br />Na Metamorphosis as próprias ameríndias identificam o abortivo para Maria Sibylla. Há aqui um compartilhamento público dos “segredos femininos”, expostos com certa simpatia por uma européia em cujo mundo o aborto era ilegal e pecaminoso.<br />Se esse foi o único trecho Metamorphosis em que Maria Sibylla expressou algum sentimento pelos escravos ou se referiu a suas agruras, essa não foi absolutamente a única “instrução” que recebeu de africanos e ameríndios. Seus textos são repletos de preciosas informações etnográficas, muitas das quais fornecidas por mulheres.<br />Merian eventualmente entrava no mundo dos africanos e ameríndios, expondo sua opinião de européia sobre o gosto d determinadas plantas e frutas, nunca de insetos, sapos ou ovos de cobra.<br />O que distingue o trabalho de Merian é o tom etnográfico. Assim como ela não classificou as espécies de flora e fauna, também não se preocupou em classificar os costumes de ameríndios e africanos. Suas observações eram específicas, referiam-se a plantas e insetos individuais, e constituíam uma extensão de seu modo de ver as relações existentes na natureza.<br />Em geral criticou com firmeza os europeus obcecados pelo açúcar. Não se preocupou em descobrir se o cristianismo melhoraria os ameríndios e africanos.<br />O estilo científico e o intercâmbio coloquial de Merian fomentaram um literatura etnográfica indiferente a fronteira entre civilizado e selvagem. Maria Sibylla não dos deixou nenhum retrato de pessoas, européias ou não.<br />Merian incluiu os nomes de naturalistas e de dois fazendeiros em cujas observou determinados insetos; quanto as suas ajudantes não européias, designou-as simplesmente como “escravas negras”.<br />No sentido mais amplo, a ameríndia talvez achasse estranho alguém transmitir conhecimentos sobre plantas e insetos sem acrescentar o que os europeus chamavam de usos mágicos e rituais.<br />Maria Sibylla, tão interessada em comparações cultuais, observaria que o uso mágico das plantas por parte do ameríndios e africanos assemelhava-se ao uso das ervas na medicina rural da Alemanha. Não sabemos até que ponto chegaram de fato as informações de Maria Sibylla sobre as práticas rituais dos Caraíbas e africanos.<br />Em 1711 ela era uma das figuras internacionais de Amsterdam, uma pessoa que todos deveriam conhecer. Agora Maria Sibylla era Juffrouw (senhorinha) Merian, um título informal que regularizava sua condição anômala. As relações de Maria Sibylla com Dorothea Maria e Johanna Helena tem seus mistérios.<br />Se agradeceu as seus informantes africanos e ameríndios, bem como a seus auxiliares escravos, na Metamorphosis Merian não disse uma só palavra sobre as filhas.<br />De qualquer forma suas filhas ficaram inteiramente a vontade no terceiro volume Rupsen, composto de observações inéditas de Maria Sibylla, mas publicado após a sua morte, em 1717.<br />As filhas herdaram seu espírito de aventura. Johanna Helena partiu para o Suriname em 1711. No outono de 1717 Dorothea Maria partiu para São Petersburgo, tornando-se a segunda esposa do pintor suíço Georg Gsell.<br /><br /><br /><br />CONCLUSÃO<br /><br /><br />Vidas distintas, mas que transcorreram num campo comum. Os azares da peste, os sofrimento da enfermidade e a morte prematura de parentes.<br />A semelhança mais importante esta em seu método de trabalho, uma versão feminina de um estilo artesanal-comercial. As três possuíam indubitável perícia, eram competentes contadoras, capazes de registrar empréstimos e dotes de filhos. Estavam sempre prontas para entrar rapidamente em ação, para utilizar suas habilidades a fim de suprir as necessidades do momento.<br />Para os citadinos a flexibilidade profissional geralmente estava associada a pobreza. Para as citadinas, ricas ou indigentes, a flexibilidade era essencial e estimulada por sua criação, as meninas recebiam informações genéricas sobre uma ou mais atividades e eram treinadas para cuidar do lar.<br />Glikl bas Judah Leib e Marie Guyart certamente viveram desse maneira, a religião contribuiu para incentivar sua flexibilidade. Maria Sibylla era uma pouco diferente, embora aprendesse sozinha a criar e observar insetos, durante anos e anos recebeu formação artística da família. Ela conviveu principalmente com técnicas que pertenciam ao ateliê do artista versátil do século XVII. Glikl, Marie e Maria Sibylla adquiriram sua perícia na juventude, praticando num ambiente em que eram também administradoras do lar. A confirmação ocorreu mais tarde.<br />Essa consciência artesanal talvez estivesse presente na atenção que as três mulheres dedicaram ao ato de escrever e descrever. Tinam seus modelos, mas a composição de seus manuscritos exigiu critérios de narrativa e diálogo. A religião teve enorme influência sobre essas três mulheres. A auto-imagem de Glikl bas Judah Leib, como filha de Israel, deu-lhe uma identidade profunda, mediante a qual se infiltraram outras identidades. Marie Guyart de L'incarnation aproveitou-se de dois dos caminhos que a Igreja hierárquica da contra reforma deixava aberto para as mulheres: a conquista da santidade e o desenvolvimento de uma vocação magisterial. Desde o início tais práticas se refletiram sobre sua eloqüência e sua percepção de si mesma.<br />Formas de uma espiritualidade protestante radical irromperam na via de Maria Sibylla Merian como força especial quando ela estava na casa dos trinta e dos quarenta. Primeiro foi sua extasiada consciência da presença divina na natureza. Depois foi a conversão a seita labadista e o rompimento com o marido, propriedade familiar e orgulho mundano. Anos após deixar a comunidade, uma energia e uma convicção semelhantes às dos labadistas animaram sua bizarro projeto de viajar para as selvas do Suriname a fim de desenvolver suas pesquisas. Com certeza esses movimento religiosos conduziram Maria Sibylla a auto-reflexão e ao diálogo interior.<br />Nos casos de Glikl bas Judah Leib e Marie de L'incarnation a elaboração de uma auto-biografia não ameaçava uma empresa comercial ou um vocação magisterial. No caso de Maria Sibylla Merian os “escândalos” que marcaram a vida não eram secundários. Expô-los poderia constituir uma ameaça para sua identidade de naturalista, pintora e mulher.<br />As relações e as experiências familiares determinaram a forma básica dessas vidas no século XVII, porem na prática revelavam grandes variações. Nos três casamentos as prescrições hierárquicas de obediência por parte da mulher se desgastaram com a experiência da empresa comum. Entretanto tais arranjos não resultaram necessariamente num matrimônio feliz.<br />O pais insensível e distante que freqüentava as histórias da família nos primórdios da era moderna figuram nessas casas. Já a voz materna varia em tom e intensidade.<br />Apesar de sua dedicação à amigas e parentas, Glikl, Marie e Maria Sibylla não fizeram da promoção feminina seus principal objetivo. Contudo, suas histórias revelam outras possibilidades de vida no século XVI, já que elas batalharam por nova maneira de viver nas margens.<br />“Margens” no sentido de que essas mulheres estavam longe dos centros de poder político real, cívico e senatorial.<br />As mulheres também estavam consideravelmente longe dos centros formais de aprendizagem e de instituições voltadas para a definição cultural. Nos três casos, visões e artefatos culturais, foram criados a partir de uma posição marginal. Contudo, essa posição não tinha a esterilidade ou o baixo nível de qualidade atribuídos a palavra margem na acepção da economia moderna que pensa em termos de lucros. Ao contrário, era uma região limítrofe entre depósitos culturais que permitiam novos cultivos e híbridos surpreendentes. Cada qual a sua maneira, essas mulheres apreciaram ou adotaram uma posição marginal. Em cada um dos casos a pessoa se libertou um pouco das restrições das hierarquias européias, deixando-as de lado.<br />Padrões variantes nos alertavam para mobilidade, mistura e controvérsia em cultura européias. Também deixam espaço para inserção de olhos não europeus que desenvolveram o olhar do europeus.<br />A narrativa desse livro segue uma ordem diferente da cronologia histórica. Cada uma dessas mulheres constitui um exemplo, com as próprias virtudes, iniciativas e falhas, e os motivos europeus do século XVII perpassam suas vidas.</div>Thiagohttp://www.blogger.com/profile/00401726006800737580noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5090075586667408009.post-68228929369786131542010-09-30T10:25:00.000-07:002010-09-30T10:27:27.031-07:00Entrevista com o professor José Murilo de Carvalho - Parte final<object height="344" width="425"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/6GsREd0sbGU?fs=1&hl=pt_BR"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/6GsREd0sbGU?fs=1&hl=pt_BR" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" height="344" width="425"></embed></object>Thiagohttp://www.blogger.com/profile/00401726006800737580noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5090075586667408009.post-8003622201000810772010-09-29T12:10:00.001-07:002010-09-29T12:10:59.022-07:00Entrevista com o professor José Murilo de Carvalho - parte 2<object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/lc298BHThps?fs=1&hl=pt_BR"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/lc298BHThps?fs=1&hl=pt_BR" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object>Thiagohttp://www.blogger.com/profile/00401726006800737580noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5090075586667408009.post-11262361000495898762010-09-29T11:01:00.000-07:002010-09-29T11:21:04.486-07:00Entrevista com o professor José Murilo de Carvalho - parte 1José Murilo de Carvalho possui pós-doutorado em duas universidades: na de Stanford, nos Estados Unidos, e na de Londres. Membro da Academia Brasileira de Ciências, o historiador tem uma trajetória profissional em diversas instituições de pesquisa, no Brasil e no exterior, como, por exemplo, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na École des Hautes Études em Sciences Sociales, no Instituto de Estudos Avançados de Princeton, e nas Universidades de Londres, Oxford, Stanford, Califórnia (Irvine) e Leiden (Holanda). Atualmente, leciona na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde é professor do Departamento de História. </span> </p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
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<br /><object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/weVWZP36vT4?fs=1&hl=pt_BR"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/weVWZP36vT4?fs=1&hl=pt_BR" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object>Thiagohttp://www.blogger.com/profile/00401726006800737580noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5090075586667408009.post-3065704329604740662010-08-12T06:41:00.000-07:002010-08-12T06:42:47.796-07:00Aula de República, com o Professor Boris Fausto. 3 de 3.<object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/75Qd7IB2hkg?fs=1&hl=pt_BR"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/75Qd7IB2hkg?fs=1&hl=pt_BR" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object>Thiagohttp://www.blogger.com/profile/00401726006800737580noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5090075586667408009.post-1597204988845890292010-08-12T06:38:00.000-07:002010-08-12T06:39:44.389-07:00Aula de República, com o Professor Boris Fausto. 2 de 3<object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/zk4DQae6JFg?fs=1&hl=pt_BR"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/zk4DQae6JFg?fs=1&hl=pt_BR" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object>Thiagohttp://www.blogger.com/profile/00401726006800737580noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5090075586667408009.post-37897604931187437302010-08-12T06:31:00.000-07:002010-08-12T06:35:52.382-07:00Aula de República, com o Professor Boris Fausto. 1 de 3<object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/mWbZdmQcSzY?fs=1&hl=pt_BR"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/mWbZdmQcSzY?fs=1&hl=pt_BR" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object>Thiagohttp://www.blogger.com/profile/00401726006800737580noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5090075586667408009.post-61896615028457004802010-08-11T17:16:00.000-07:002017-12-18T07:15:08.655-08:00Novas tendências da historiografia sobre Minas Gerais no período Colonial<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.25cm;">
<span style="font-size: 100%;">O texto "Novas tendências da historiografia sobre Minas Gerais no período colonial", da professora Júnia Ferreira Furtado, analisa a produção historiográfica sobre a capitania de Minas Gerais produzida a partir dos anos 1980. O ponto de partida da autora é o livro "Desclassificados do ouro", de Laura de Mello e Souza. Júnia Furtado procurou "mapear os temas hegemônicos, as tendências e os recortes teóricos utilizados". A partir da leitura do artigo, sistematize estes elementos, buscando identificar os que têm exercido maior atração sobre os historiadores de Minas Gerais.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.25cm;">
<span style="font-size: 100%;"><br /></span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;">______________________________<wbr></wbr>__</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"><br /><br /></span></div>
<a name='more'></a><div style="text-align: justify;">
<br /><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"><br /></span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> A autora inicia o artigo apresentado a tendência de se privilegiar uma abordagem política e econômica nos estudos sobre a capitania de Minas Gerais até os últimos anos do século passado, pouco explorando temas referentes a vida cotidiana e ao universo cultural.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> Essa priorização dos aspectos econômicos vem da influência marxista, marcante nas analises sobre a colonização. O período minerador foi compreendido, então, com a fase áurea da história mineira, ao realizar a vocação exportadora da economia brasileira, enquanto o século XIX seria marcado pela ruralização da região.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> Foi decisiva influência de <i>Formação do Brasil Contemporâneo</i><span style="font-style: normal;">, de Caio Prado Jr, para a analise da administração mineradora, destacando as dificuldades da metrópole de estender seu controle à periferia da colônia.</span></span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"><span style="font-style: normal;"> Em </span><i>Economia do Ouro em Minas Gerais</i><span style="font-style: normal;">, Wilson Cano chamou a atenção para a necessidade de se estudar a história de Minas a partir de outro contexto, encontrando eco na dissertação de mestrado de Laura Mello de Souza, </span><i>Desclassificados do ouro</i><span style="font-style: normal;">, que provocou uma verdadeira revolução nas interpretações do século XVIII mineiro, ao salientar o estudo do universo da pobreza e dos marginais descortinou uma sociedade mineira multiprocessada e plural.</span></span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; font-style: normal; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> Laura de Mello e Souza juntou as ideias de Caio Prado Jr e de Raymundo Faoro, de que o governo representava a marca da presença portuguesa e que o centralismo acentuava o controle efetivo da região por parte das autoridades, respectivamente, criando e expressão “o agre e o doce”para representar a forma como o poder metropolitano se efetivou na colônia.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"><span style="font-style: normal;"> Ao se debruçar sobre a posição e o tipo de vida desfrutada por homens e mulheres na capitania a autora de </span><i>Desclassificados do Ouro </i><span style="font-style: normal;">aponta que a sociedade mineradora, antes ser entendida ser a sociedade da riqueza, nivelou a população por baixo, democratizando a pobreza e gerando um massa significativa de desclassificados sociais.</span></span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; font-style: normal; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> foi a partir de sua obra que a influência das novas metodologias vão se fazer sentir na historiografia referente às Minas Gerais setecentistas e os novos métodos que se seguiram buscaram não apenas o particular, o rotineiro, mas, a partir do que fosse específico nas Minas Gerais.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; font-style: normal; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> A consequência dessa renovação foi a ampliação do conceito de fontes o que permitiu a reconstrução do dia-a-dia de seus habitantes Uma das características marcantes das novas abordagens sobre o período foi o fato de tais estudos serem frutos das universidades. De caráter monográfico apresentavam aspectos mais analíticos imprimindo um caráter eminentemente científico.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; font-style: normal; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> Para se fazer uma análise das características e perspectivas da produção historiográfica sobre as Minas Gerais no período colonial, realizada nos últimos vinte e oito anos, a autora optou por fazer uma mescla dos diferentes tipos de abordagens, analisando as varias perspectivas como também o processo de releitura das grandes temáticas da história em Minas Gerais a partir de 5 grandes eixos:</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; font-style: normal; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> 1)as relações de poder, as revoltas e as inconfidências;</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; font-style: normal; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> 2) a escravidão;</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; font-style: normal; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> 3) o universo da vida social e familiar; </span> </div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; font-style: normal; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> 4) a vida cotidiana e familiar; </span> </div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; font-style: normal; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> 5) a cultura e a religiosidade.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; font-style: normal; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"><br /></span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;">2.Minas de todo delírio: relações de poder, motins, revoltas e inconfidências.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"><br /></span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> Um dos campos de estudo em que a historiografia sobre as Minas Gerais no período colonial mais contribuiu para a renovação história foi o da conformação do poder metropolitano nas Minas Gerais. <span style="font-style: normal;">Ao longo dos últimos 28 anos, as analises sobre as formas como as relações de poder se configuram na capitania se transformaram e, mais recentemente, grande parte dos trabalhos realizados sobre a temática da administração colonial na capitania de Minas Gerais passou a se insurgir contra a dicotomia colônia </span><i>versus</i> <span style="font-style: normal;">metrópole como modelo ideal para explicar as relações entre Portugal e seu império ultramarino na época moderna.</span></span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;">Estes estudos tem convergido para a percepção de que a compreensão das formas de poder que se estruturou nas Minas só é possível a partir de entendimento dos mecanismos de legitimação da monarquia portuguesa.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> O que a nova historiografia sobre Minas Gerais tem buscado responder foi de que forma a articulação entre esses mecanismos infra-estruturais, como a legitimação do poder régio na forma de uma pacto com os soberanos, essenciais à reprodução desse poder, se reproduzia no império, e de que maneira o governo das Minas foi uma experiência ímpar, redimensionando as próprias maneiras de governar no império. Parte desses trabalhos atentou para a reprodução de poder fora das instituições. </span> </div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> Um novo campo temático que se apresentava é o do estudo vertical da composição da elite mineradora e da trajetória de vida administrativa dos funcionários régios, com destaque para o caso dos governadores.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> Em muitos casos a lei se tornou o campo de intermediação do poder entre o rei e seus vassalos, como também campo de conflito. As novas abordagens não se limitam a repetir o paradigma de que a realidade era um simples reflexo da legislação, mas tem buscado analisar as instituições jurídicas em vigor nas Minas Gerais e o papel de seus funcionários no desempenho de suas funções administrativas.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> Em Minas Gerais o controle estatal se manifestou em grande parte por meio do fiscalismo e da tributação, tornando os tributos fonte de embate entre governantes e governados</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> Para a Minas, ao mesmo tempo que se procurou compreender a dimensão total do volume alcançado pelo contrabando buscou-se analisar a dimensão social e o significado dessas redes de contrabando e em que medida elas reproduziam as cadeias hierárquicas que eram os mesmos mecanismos de identificação formal e informal da sociedade colonial.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> Desses estudos se conclui que mesmo com inúmeros mecanismos de reforço das identidades no interior do império, a sociedade mineira não era puro espelho da do reino e se apresentava de maneia múltipla e plural.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> A violência individual e interpessoal foi fenômeno constante na sociedade mineira, onde muitas vezes os conflitos resultavam em práticas agressivas. Muitos estudos tem se direcionado para o entendimento dessa violência cotidiana e novos trabalhos tem se debruçado sobre a política de militarização da capitanias procurando desnudar a superposição e os enfrentamentos dos interesses das elites locais.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> O século XVIII nas Minas se caracterizou pela lenta afirmação e consolidação do poder real na região, mas também foi marcado por constantes ameaças a dominação da monarquia. Sendo o tema da violência coletiva manifesto nos diversos motins e revoltas coloniais abordado por vários trabalhos, que apontaram para a importância e a generalização dos movimentos de rebeldia nas Minas setecentistas. </span> </div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> Recentemente, analises mais aprofundadas desse movimentos buscaram os padrões de comportamentos, de objetivos, do papel e do perfil dos atores na tentativa de esboçar uma tipificação desses movimentos e os padrões que se repetem no diferentes levantes que sacudiram o império.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> O estudo da inconfidência mineira se destaca como uma tema relevante para a compreensão desse aspecto rebelde que de tempos em tempos sacudiu as Minas e muitos autores mergulharam em sua história.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> Estes estudos sobre Minas Gerais também contribuíram para a compreensão da delicada estratégia política que unia os distantes pontos do império e que passava por uma vigorosa transformação.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; font-style: normal; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> Entre os inúmeros temas ainda pouco explorados nessa vertente a autora destaca o papel e a composição das câmaras municipais, as formas de cobrança e pagamento de diversos tributos coloniais; quem eram, como atuavam e eram cooptados diversos administradores coloniais. Ela destaca ainda a quase inexistência de estudos sobre as penalidades decorrentes dessa ruptura da ordem.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; font-style: normal; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"><br /></span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;">3.negros como a noite: o mundo da escravidão.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"><br /></span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;">Uma das vertentes que se firmou na Historiografia sobra Minas Gerais foi herdeira da história social, com vários trabalhos se debruçando sobre os temas das mulheres, da família, dos marginais, dos libertos e das crianças que buscaram compreender as tentativas de ordenação da sociedade moderna.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> Uma nova visão sobre a população escrava e de cor da capitania emergiu da historiografia sobre Minas Gerais recente que revelou uma sociedade heterogênea e múltipla, paradoxal em relação e uma administração que procurava ser repressora e excludente, mas que nem sempre conseguia moldar essa sociedade conforme seu intento, o que permitiu uma proliferação dos trabalhos em história social.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> Muitas dessas analises valeram-se das ferramentas de demografia histórica, com novos estudos que abordaram a multiplicidade de experiências de vida dos cativos e libertos no dia-a-dia das Minas Gerais.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> O estudo do comportamento dessa população revelou normas inéditas de comportamento, ao mesmo tempo que se fixavam nos parâmetros impostos pela sociedade branca.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> Suas praticas contrariavam duas crenças arraigadas na historiografia tradicional: a de que o cativeiro criava uma aversão à escravidão entre a população negra e mestiça e a de que reduzir os negros a uma situação de animais se impedira-os de estabelecerem laços estáveis de relacionamento.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> Ao contrario do que usualmente se pensava, os escravos foram capazes de estabelecer níveis significativos de organização familiar e de lutarem por seus direitos. Também se tem procurado apontar para a necessidade de estudos mais pontuais e verticais sobre essa população cativa, buscando-se perceber as nuances entre as diversas nações africanas que foram trazidas para a capitania e sua diversidade cultural, étnica e lingüística.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> Segundo a autora a maioria dos trabalhos sobre escravidão se pautaram na utilização de dados seriados, a partir do levantamento sistemático de densos, inventários, testamentos, registros de batismo, óbitos, captação, casamentos, entre outros.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> Uma questão relevante e que vem sendo discutida pelos historiadores refere-se aos mecanismos de acesso às alforrias. Os estudo tem percebido o segmento dos forros era composto em sua maioria por mulheres.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; font-style: normal; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> A autora aponta ainda alguns itens, que, segundo ela, ainda precisam ser melhor explorados, como, por exemplo, o volume e o papel da coartação no conjunto das alforrias, a composição das etnias africanas no seio da população escrava e de que maneira elas se articulavam entre si nos planteis mineradores, o tráfico de escravos no interior da capitania e também que o estudo de algumas trajetórias individuais deve ser estimulado.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; font-style: normal; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"><br /></span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;">4. Por detrás das rótulas: a vida social dos mineiros</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"><br /></span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> A autora aponta a realização de diversos estudos capazes de captar as peculiaridades das relações sociais que se estabeleceram na região mineradora da época. A partir da vasta pesquisa documental e, principalmente, ao fazerem outras perguntas às fontes, os historiadores apresentaram uma nova visão das relações familiares que se estabeleceram na época.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> Conforme apontam diversos estudos as taxas de concubinato e de ilegitimidade eram altas em Minas Gerais. O universo desses ilegítimos foi desnudado em diversos trabalhos, que revelaram que a prática de registro dessas crianças como naturais diminuía o estigma moral que recaia sobre elas e permitia assim o seu acesso à herança dos pais, e escondia diversos pecados mais graves, como o adultério ou o aparecimento de filhos ilegítimos de clérigos.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> Diferentes analises sobre abandono infantil apontaram para a especificidade da sociedade das Minas Gerais, onde a roda dos expostos apareceu de maneira tardia e dessa forma coube às câmaras municipais e às irmandades o principal ônus na assistência às crianças abandonadas.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> Estudos mais recentes, delimitados à regiões específicas da capitania, tem revelado a incidência e o alargamento dos índices de uniões legítimas sagradas pelos laços sagrados do matrimônio católico ao longo do século.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; font-style: normal; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> As analises já realizadas sobre a sociedade mineira, devido à enormidade dos dados disponíveis sociais e de arranjos familiares, tem se pautado por um arranjo monográfico, restringindo-se em geral a uma comunidade ou a uma faixa social específica e muitas vezes utilizando dados demográficos. Há ainda muito a ser realizado, ainda que o somatório destas abordagens já seja suficiente para demonstrar que a família mineira era heterogênea alguns temas ainda pouco trabalhado segundo a autora são, por exemplo a exposição de ilegítimos, as formas de criação e de educação infantil que se diferenciavam conforme o status social, a maneira como se dava a relação entre famílias legítimas e ilegítimas nos espaços urbanos, as formas de transmissão de herança, os grupos sociais desviantes dos padrões de comportamento tradicionais, como os homossexuais.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; font-style: normal; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"><br /></span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;">5. vida cotidiana e material.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"><br /></span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> A autora demonstra que, para além da dicotomia rural-urbano, os novos trabalhos sobre a realidade espacial da capitania buscaram salientar as relações complementares e complexas que se estabeleceram entre o mundo da cidade, do campo e do sertão distante.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> Segundo ela, os estudiosos procuraram reconstruir a configuração das urbes mineradoras, que redesenham o panorama da capitania, buscando compreender a estreita articulação entre as iniciativas administrativas, as regulamentações dos espaço urbano e o movimento dinâmico de ocupação populacional. Esse estudos apresentam o espaço precário dos períodos iniciais da ocupação, o que imprimiu um caráter efêmero e transitório às edificações nas urbes mineiras, mas com o passar do tempo e com o progressivo assentamento da população, os arraias cresceram e alguns foram elevados a vilas.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> Os estudos tradicionais salientavam as questões políticas decorrentes das disputas de poder envolvidas nas contendas que indispunham as autoridades dos diversos núcleos urbanos nas Minas, atribuindo ao rigor metropolitano a escassez de títulos honoríficos concedidos aos arraiais mineiros e a limitação do número de vilas. As novas analises, ao incorporarem as representações de cidades e dos núcleos urbanos que transparecem da analise dos discursos coevos salientam que tais discursos ressaltavam os aspectos que enobreciam as localidades.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> O sertão passou a se configurar a partir dos novos trabalhos sobre o tema como espaço de resistência, de negros aquilombados e de índios selvagens. </span> </div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> Segundo a autora a cartografia da região mineradora tem se tornado um objeto em si de estudo, abrindo novos campos de investigação que articula historia e mapas, com muitos desses estudos concentram-se no estudo da Estrada Real.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> A revisão historiográfica dos últimos 20 anos permitiu que a economia da capitania no século XVIII passasse a ser vista para além da exploração mineral.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> Diferentes trabalhos chamaram a atenção para a importância da agricultura interna no abastecimento urbano das Minas, a diversidade da sua economia e das ocupações e a articulação entre os diferentes mercados regionais. Esse dinamismo econômico da capitania promoveu a diversificação das atividades e das ocupações, exigindo um conjunto notável de ofícios, que os novos estudos tem revelado, desempenhados por brandos, mulatos e negros de ambos os sexos. Os trabalhos recentes têm procurado desvendar o universo numeroso desses artífices para além da figura emblemática do Aleijadinho.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; font-style: normal; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> A autora faz notar ainda que há ainda há muito que se estudar que sobre a vida material da capitania : como as distinções de status se refletiam nas vestimentas e acessórios, como se organizava o abastecimento local, quais gêneros eram produzidos internamente e qual o papel das câmaras municipais nesse setor, como as diferenças sociais e regionais infuiam no mobiliário e na arquitetura das casas.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; font-style: normal; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"><br /></span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;">6.universo cultural</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"><br /></span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> O barroco foi estudado de forma ampla, mas novos estudos se caracterizaram por abandonar o entendimento do barroco apenas como estilo artístico-arquitetônico. Diversos estudos debruçaram-se sobre universo mais amplo dos artistas que circulavam na capitania.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> O estudo sobre a vida associativa, em especial sobre as irmandades religiosas e sua relação paradoxal com o estado, instigou vários debates entre os que salientavam o papel dessas instituições como reprodutoras do aparelho metropolitano e os que acentuavam sua autonomia.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> Também se buscou analisar, segundo a autora, o papel das irmandades enquanto lugar para a realização das práticas religiosas cristãs. Instigantes estudos sobre a morte, a pompa fúnebre, as devoções mineiras e o gosto do macabro foram realizados, salientado a devoção religiosa e a preferência pelo fausto que marcaram a prática cristã nas Minas Gerais.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> As condições sanitárias e a proliferação de doenças foi tema mais recente explorado pelos historiadores das Minas Gerais.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> A difusão dos livros e as praticas de leitura foram assuntos que despertaram o interesse dos estudiosos , sendo que os inventários mineiros do século XVIII revelaram uma elite sofisticada e intelectualizada, em constante contato com hábitos e idéias que circulavam na Europa.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> Já a prática musical em Minas Gerais gerou todo um conjunto de profissionais. O resgate desse movimento musical é um tema que ainda desafia os historiadores.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> Já os batuques lembravam a cultura africana, marcada por um universo de magia que em Minas Gerais se amalgamou às práticas de feitiçaria oriundas do universo cultural europeu, conforme estudos inovadores tem apontado.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; font-style: normal; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> Muitos historiadores se aventuraram no estudo do que se convencionou chamar de circularidade ou reciprocidade entre a cultura erudita e a popular.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; font-style: normal; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;"> A partir dessa leitura podemos sistematizar alguns dos elementos que mais se sobressaem na historiografia mineira que mais se destacam.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-decoration: none;">
<span style="font-size: 100%;"> No ponto em que a autora fala sobre as “relações de poder, motins, revoltas e inconfidências” podemos destacar, como alguns dos elementos mais atrativos sobre a historiografia mineira a conformação do poder metropolitano, estudos que buscam compreender os mecanismos de legitimação da monarquia portuguesa e a forma com era feita a articulação entre esses mecanismos. Ela destaca ainda o estudo vertical da composição da elite mineradora e da trajetória de vida administrativa dos funcionários régios.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-decoration: none;">
<span style="font-size: 100%;"> Há ainda novas abordagens que procuram analisar as instituições jurídicas em vigor nas Minas Gerais e o papel de seus funcionários no desempenho de suas funções administrativas.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-decoration: none;">
<span style="font-size: 100%;"> Outro tema de destaque é o da dimensão total do volume alcançado pelo contrabando e a dimensão social e o significado dessas redes.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-decoration: none;">
<span style="font-size: 100%;"> Estudos concluem que mesmo com inúmeros mecanismos de reforço das identidades no interior do império, a sociedade mineira não era puro espelho da do reino. Muitos estudos também foram feitos sobre a violência individual e interpessoal e sobre a violência cotidiana, incluindo a política de militarização e a violência coletiva.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-decoration: none;">
<span style="font-size: 100%;"> As analises mais aprofundadas desses movimentos revelaram padrões de comportamentos, de objetivos, do papel e do perfil dos atores na tentativa de esboçar uma tipificação desses movimentos e os padrões que se repetem no diferentes levantes que sacudiram o império.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-decoration: none;">
<span style="font-size: 100%;"> Se destaca o estudo da inconfidência mineira e a compreensão da delicada estratégia política que unia os distantes pontos do império.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-decoration: none;">
<span style="font-size: 100%;"> Em seguida, no ponto sobre o mundo da escravidão podemos identificar os temas referentes a história das mulheres, da família, dos marginais, dos libertos e das crianças. a busca pelo melhor entendimento da vida da população escrava e de cor e o estudo do comportamento dessa população e dos mecanismos de acesso às alforrias.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-decoration: none;">
<span style="font-size: 100%;"> Sobre a vida social dos mineiros ela destaca os estudos sobre as peculiaridades das relações sociais que se estabeleceram na região mineradora, as relações familiares e os casos de concubinato e de ilegitimidade, além de estudos sobre o universo desses ilegítimos e analises sobre o abandono infantil e sobre os casos uniões legítimas, sagradas pela Igreja.</span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-decoration: none;">
<span style="font-size: 100%;"> No ponto sobre “vida cotidiana e material” temos destaque para trabalhos sobre as <span style="font-style: normal;">relações entre o mundo da cidade, do campo e do sertão. Sobre a configuração das urbes mineradoras e a representações de cidades e dos núcleos urbanos. </span></span> </div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-decoration: none;">
<span style="font-size: 100%;"><span style="font-style: normal;"> temos também estudos sobre a cartografia, concentram-se no da Estrada Real. Da economia, vista para além da exploração mineral, da importância da agricultura interna no abastecimento, das diversificação das atividades e das ocupações e do universo desses artífices.</span></span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-decoration: none;">
<span style="font-size: 100%;"><span style="font-style: normal;"> Sobre o “universo cultural” podemos identificar que o barroco foi estudado de forma ampla, e, mais recentemente como seu entendimento não apenas como estilo artístico-arquitetônico.</span></span></div>
<div style="font-family: "trebuchet ms"; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-decoration: none;">
<span style="font-size: 100%;"><span style="font-style: normal;"> Há também trabalhos sobre o universo mais amplo dos artistas, a vida associativa, em especial sobre as irmandades religiosas e sua relação paradoxal com o estado e seu papel enquanto lugar para a realização das práticas religiosas cristãs. Encontramos também estudos sobre a morte, a pompa fúnebre, as devoções mineiras e o gosto do macabro, sobre as condições sanitárias e a proliferação de doenças, a difusão dos livros e as praticas de leitura, a prática musical e os batuques africanos.</span></span></div>
Thiagohttp://www.blogger.com/profile/00401726006800737580noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5090075586667408009.post-14587797160064917762008-10-08T10:57:00.001-07:002016-05-20T12:07:48.855-07:00A Utopia. Thomas Morus<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuUfNQu2p4TI95Ex8ekl3GFNpkv3j0LAPf6NLuUL4CLK-MLifGGF0yrTu-4vs2tI6NHtjsZ8HZn1aUsV5ww2moZpIj5Fpe40BI_CHZnPDtTRiHUszwrAd0x8BcpitDG__uZw_dacfWDCE3/s1600-h/250px-Utopia.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5254843902237293698" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuUfNQu2p4TI95Ex8ekl3GFNpkv3j0LAPf6NLuUL4CLK-MLifGGF0yrTu-4vs2tI6NHtjsZ8HZn1aUsV5ww2moZpIj5Fpe40BI_CHZnPDtTRiHUszwrAd0x8BcpitDG__uZw_dacfWDCE3/s320/250px-Utopia.jpg" style="cursor: pointer; float: left; margin: 0pt 10px 10px 0pt;" /></a><br />
LIVRO I.<br />
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O livro descreve o encontro de Thomas Morus com seu amigo Pedro Gil e um estrangeiro chamado Raphael Hitlodeu, que era marinheiro e havia viajado com Américo Vespúcio, trazendo várias histórias sobre o novo mundo.</div>
<div style="text-align: justify;">
“A Utopia” foi uma obra publicada em 1516 que constituiu uma crítica social, política e religiosa à sua época. Uma Inglaterra dominada pelo rei Henrique VIII, a qual ele demonstra grande oposição, não só como humanista, mas também num sentido peculiarmente medieval, como cristão, para quem a sociedade cristã supranacional era a realidade básica no campo social. Morus, no séc. XVI, em pleno renascimento, pintou com palavras uma sociedade perfeita em que, para ele, a sociedade ideal se assemelharia às do mundo antigo. “...todos vós conheceis a penalidade adotada pelos romanos, povo tão adiantado na ciência de governar,”</div>
<div style="text-align: justify;">
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<a name='more'></a><div style="text-align: justify;">
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Ele visava a libertação do homem para o trabalho. Queria todos trabalhando ao invés de pessoas sem emprego e parasitas, vivendo as custas dos ricos. Ele diz: “...esta massa imensa de gente ociosa parece-me inútil ao pais mesmo na hipótese de uma guerra...” e fala também:”coloca um freio no avarento egoísmo dos ricos, tira-lhes o direito de açambarcamento e monopólio. Que não haja mais ociosos entre vós.”</div>
<div style="text-align: justify;">
Há também em seu livro outros ideais como a ausência de miséria, de altas taxas entre outros. “...o único meio de distribuir os bens com igualdade justiça...é a abolição da propriedade”.</div>
<div style="text-align: justify;">
Thomas Morus não olha o futuro, mas tem ideais que se aproximam dos atuais socialistas. O seu ideal era talvez o ideal medieval comum a toda teoria política do ocidente desde São Tomás de Aquino, segundo o qual a comunidade cristã consiste de classes diferenciadas que exercem harmoniosamente funções próprias, todas necessárias ao bem comum.</div>
<div style="text-align: justify;">
O livro, apesar de ter sido pensado no séc. XVI, apresenta questões bem atuais, anseios de acomodação e resolução de problemas que são vividos até hoje pela sociedade.</div>
<div style="text-align: justify;">
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<br /></div>
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LIVRO II.</div>
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Na segundo parte do livro Thomas Morus apresenta, através da história de Hitlodeu, a ilha de Utopia. Localizando-a no novo ele descreve o que seria, segundo ele, a sociedade perfeita. Sociedade baseada na inexistência da propriedade privada e na colocação das necessidades coletivas acima dos interesses individuais.</div>
<div style="text-align: justify;">
Utopia é um lugar onde todos devem trabalhar, sendo dispensados apenas aqueles que exercem importantes funções políticas ou que demonstre aptidões para as ciências.</div>
<div style="text-align: justify;">
Institucionalmente a menor unidade da sociedade é a família, chefiada pelo membro mais velho, um certo número de famílias elegem um magistrado regional (chamado sifogrante ou filarca), cada dez desses ele um magistrado superior (traníbora ou protofilarca) e os sifograntes elegem ainda um príncipe. O sendo é formado pela reunião dos traníbora e do príncipe e é onde se decide a política da ilha, mas é também rigidamente controlado para evitar que algum príncipe tenha pretensões ditatoriais.</div>
<div style="text-align: justify;">
A sociedade se divide em cidadãos livres e escravos. Sendo a hierarquia social definida pela idade, considerando-se que os mais velhos são também os mais sábios e assim podem tomar as melhores decisões, em benefício de todos. Quanto às mulheres, vivem em situação bem igualitária, inclusive recebendo treinamento militar, além disso o casamento só se realiza quando de comum acordo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Os escravos são prisioneiros de guerra ou criminosos condenados. Não são considerados cidadãos e a ele cabe os trabalhos mais penosos e degradantes, mas não sendo essa uma sociedade escravista é relativamente fácil deixar de ser escravo, basta par isso, aos prisioneiros de guerra assimilar a cultura utopiana a aos criminosos demonstrar verdadeiro arrependimento. Inclusive filhos de escravos não são escravos.</div>
<div style="text-align: justify;">
Sendo a força produtiva da ilha baseada no trabalho do cidadão livre e como todos são obrigados a trabalhar,há sempre abundância de suprimentos. Assim uma parte e reservada para qualquer emergência, outra e distribuída aos pobres das nações vizinhas e a outra e vendida a quem queira comprar.</div>
<div style="text-align: justify;">
O resultado da venda desse excedente os utopianos utilizam apenas para contratar tropas mercenárias em caso de guerra, o que, alias, fazem apenas em ultimo caso e sempre fora do território da ilha. Dão ao dinheiro, metais e pedras preciosas nenhum valor, considerando tolo aquele que se deixa seduzir pelo brilho de uma gema. Tanto que em utopia as correntes que prendem os escravos são feitas de ouro.</div>
<div style="text-align: justify;">
A colocação das necessidades coletivas é baseada em uma filosofia de prazer, em que uma volúpia que não resulte em mal a ninguém é vista como perfeitamente aceitável, sendo poucos os cidadãos que dele se abstem, mas os que o fazem pelo bem comum, colocando a felicidade dos outros acima de sua própria, são considerados “santos”.</div>
<div style="text-align: justify;">
O deus dos utopianos seria bem semelhante ao cristão. Quer que seus fieis busquem o prazer e não prejudiquem ao próximo. Não era impedido que se seguisse outras religiões, enquanto estas não ferissem os princípios básicos da sociedade: o bem comum, a igualdade, a ausência de orgulho e a busca pelo prazer. A felicidade tendo que ser pensada coletivamente.</div>
<div style="text-align: justify;">
Assim Thomas Morus traz para o mundo a sociedade perfeita. Que existe em “lugar nenhum”,mas que pode ser alcançada, não pela vontade dos reis, como demonstra pela recusa de Hitlodeu de se fazer conselheiro por não acreditar que seria ouvido, mas pelo povo, que deveria ser guiado pelos sábios.</div>
Thiagohttp://www.blogger.com/profile/00401726006800737580noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5090075586667408009.post-66140724103259443202008-10-08T10:52:00.000-07:002010-12-07T10:39:00.076-08:00A EUROPA IMPERIAL.<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvwgO7CzR-RIoRNIN5ZcjUY0TcJ-wK_WW4zy7WOhegGMKqpDLHRTVt6lHjSkeCoBnzoUt3uiNy94kTWCvuTi6lBwi7azKzWw8w7ZYnkP2eqYcpCbxxC7ZKTFpAfN59o8zmZ9NRBCQTtM7-/s1600-h/CarlosV01.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvwgO7CzR-RIoRNIN5ZcjUY0TcJ-wK_WW4zy7WOhegGMKqpDLHRTVt6lHjSkeCoBnzoUt3uiNy94kTWCvuTi6lBwi7azKzWw8w7ZYnkP2eqYcpCbxxC7ZKTFpAfN59o8zmZ9NRBCQTtM7-/s320/CarlosV01.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5254846100780346594" border="0" /></a><br />A chegada de Carlos V inscreveu a península Ibérica numa Europa imperial, da qual os espanhóis tinham uma visão fragmentada. A abertura política da Espanha para a Europa antecedeu o reinado de César e a “ancorarem” imperial.<br />A tomada de Granada para que Fernando e Isabel se interessassem pelo cenário internacional. Os reis católicos precisavam estabelecer sua hegemonia antes de firmar sua presença na Europa. Presença que foi firmada com o alianças dinásticas e diplomacia.<br />As relações tumultuadas com Portugal abrandaram-se. Em 1490 Castela consolidou seu domínio sobre as Canárias, o que lhe abriu as rotas para o Novo Mundo.<br />Ao sul a reconquista prosseguiu. Os espanhóis atacaram o norte da África. Para alguns, a experiência africana e para outros, a passagem pelas Canárias forum um prelúdio à aventura americana.<br /><br /><br /><a name='more'></a><br /><br /><br /><br />A ROTA DA ITÁLIA NA VIRADA DO SÉCULO.<br /><br />Os aragoneses exerciam a muito tempo uma ativa política no mediterrâneo ocidental.<br />O reino de Nápoles excitava a cobiça das potências e os espanhois chocavam-se de novo com os franceses. O equilíbrio italiano estava rompido e a península entrava num longo período de turbulências e guerras que desenrolaram-se sob o pano de fundo da ameaça turca. Os otomanos eram os senhores do mar negro.<br />Os projetos de cruzadas dissolveram-se em fumaça. A Itália se tornou o teatro exaurido dos combates cristãos.<br />Exércitos da França voltaram para a Itália em 1499, percorreram o norte da peninsúla e ocuparam Gênovae a Lombardia. Em 1501 Espanha e França dividiram Nápoles. Em 1505 os franceses reconhecem a suserania de Fernando sobre Nápoles,<br />A experiência italiana, contemporânea à descoberta da América sucede à experiência de Granada. Oferece aos espanhóis exemplo de outras sociedades, outra maneira da matar.<br />Provavelmente em 1503 que Gonzalve de Córdoba realizou a primeira reorganização do exercito espanhol.<br /><br />A ITÁLIA VISTA POR OVIEDO.<br /><br />A trajetória italiana de Oviedo demonstra as múltiplas facetas da experiência italiana.<br />Durante os primeiros meses do ano de 1500 Oviedo estava na capital romana onde reinava o papa valenciano Alexandre VIIl. Sob os Papas aragoneses a colônia espanhola tornou-se à colônia estrangeira mais importante em Roma.<br />Em 1501 França e Aragão resolvem dividir entre eles o reino. Nápoles torna-se logo a maior cidade da Itália.<br /><br /><br />UMA EXPERIENCIA ITALIANA.<br /><br />A experiência das guerras da Itália e dos conhecimentos reunidos na península constitui um passado do qual os homens se gabam muitas vezes nos acampamentos do Novo Mundo.<br /><br /><br />A LARANJA DA BRUGES.<br /><br /><br />Fora da Itália os espanhóis são raros. Desde o séc.XII, muitos mercadores espanhois tem um pé na França. Desde o séc.XIV igualmente os espanhóis fixaram-se em Bruges.<br />O séc.XV brugiano ressoou com os enfrentamentos entre bascos e mercadores de burgos que disputavam duramente a representação da nação espanhola. Aos laços de comércio e de arte, acrescentaram-se relações políticas quando os reis católicos unem sua filha, Joana, a Filipe, filho do imperador Maximiliano e herdeiro da casa de Borgonha.<br /><br />A EUROPA DE CARLOS V.<br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjabM9r-Fon4RyLuWXaJwjguajAhXJlU4YHseQlb9cZjkw2tZNTUCXJjX06Dg5gGOqNTnSrQqghPEQJT8qoaGpu9ePmJu_mmhv75LWueiMbXStT1Ls5_OQU2ypvbY8N7uV7-ALhYHSdl26B/s1600-h/Habsburg_Map_1547.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 320px; height: 218px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjabM9r-Fon4RyLuWXaJwjguajAhXJlU4YHseQlb9cZjkw2tZNTUCXJjX06Dg5gGOqNTnSrQqghPEQJT8qoaGpu9ePmJu_mmhv75LWueiMbXStT1Ls5_OQU2ypvbY8N7uV7-ALhYHSdl26B/s320/Habsburg_Map_1547.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5254843018598946018" border="0" /></a><br />As coroas da Castela e Aragão pareciam estar em plena ascensão em 1514. Só faltava o título imperial para o rei de Castela.<br />Em 1514, o título e a realidade se confundiram. A coroa imperial coube ao jovem Carlos que se torna Carlos V. Um fim brilhante e imprevisto, de uma política de alianças matrimoniais destinadas a reforçar a presensa dos reis católicos no cenário europeu. Com a ascensão do jovem Habsburgo, não era só um dinastia estrangeira que chegava ao trono de Castela e de Aragão, mas um outra concepção do poder que se perfila, mais distante dos súditos espanhóis, de tradição Borgonha e de inclinação absolutista.<br />O império de Carlos V que, através da Espanha, organizou a segunda e verdadeira descoberta da América.<br />O jovem imperador domina quase a metade de Europa ocidental, enquanto suas possessões no Novo Mundo aumentam em mais ou menos dois milhões de quilômetros quadrados. Mais que nunca a pessoa do soberano e o eixo da monarquia dos dois mundos.<br /><br /><br />OS PAISES BAIXOS E CARLOS.<br /><br /><br />Com Carlos V, a Europa do Norte abre-se para a América. Nascido em Flandres, neto do imperador Maximiliano de Habsburgo tanto quanto dos reis católicos, também herdeiro dos príncipes borgunhões, bisneto de Carlos, o temerário, duque da Borgonha.<br />A civilização borgonhesa reunira uma formidável ambição européia. Uma arte de viver, uma prosperidade material e um aparato dos quais Carlos V pretendia ser herdeiro.<br /><br /><br />BRUXELAS, CAPITAL DO IMPÉRIO.<br /><br />Durante doze anos Carlos reside nos Países Baixos onde recebe os enviados e as notícias das Índias. Bruxelas é então a capital do mundo ocidental.<br />Após sua emancipação o jovem príncipe instalara-se no castelo de Bruxelas; lá se fizera proclamar rei de Castela.<br />É difícil imaginar, do novo mundo, os fatos e as “alegres entradas” que mesclam, em Bruxelas e nas províncias, o esplendor borgunhão e a animação e a alegria dos flamengos.<br />A capital bradantesa não fica afastada do Novo Mundo.<br />A América vista pelos Países Baixos, uma América ambígua onde sem dúvida assistimos ao combate da barbárie contra a civilização, mas onde também, a guerra de conquista é descrita como um combate desigual, desprovido da menor justificativa gloriosa.<br /><br /><br />O BATAVO E O INGLÊS (1516-1521)<br /><br />A presença junto ao jovem rei de um dos intelectuais mais importantes da época, Erasmo de Roterdã, em 1521 o iluminista instala-se em Bruxelas.<br />A qualidade, a abertura, a sensibilidade da cristianização conduzida pelos franciscanos no México devem muito à obra do humanista de Roterdã e de seus seguidores espanhóis<br /><br /><br />ANTUÉRPIA E GAND (1521-1522)<br /><br />Os florentinos de Antuérpia e os marranos portugueses pensam mais nos negócios do que nas engrenagens da política e da moral pública.<br />Antuérpia superou Bruges por volta de 1460 e chega a seu apogeu sob o reino de Carlos V. é provavelmente a primeira praça comercial da Europa da época. É também um mercado financeiro que faz concorrência à praça de Lyon.<br />As relações de todo tipo que surgem entre Países Baixos e península Ibérica explicam o fato de três religiosos flamengos estarem entre os primeiros franciscanos a desembarcarem no México. Dentre o três missionários destinados ao México, Pedro de Gand constitui incontestavelmente a figura mais marcante.<br />Os ventos de reforma, o evangelismo e a criatividade que reunificam as culturas da Europa do Norte chegaram ao Novo Mundo por outros caminhos.<br />O final do sé.XV marca o final da grande escola flamenga.<br /><br /><br />OS PAISES GERMANICOS (1519-1527)<br /><br />Outros horizontes prolongam para o leste as terras flamengas; são os mundos germânicos do renascimento. Nuremberg é, naquele momento, uma cidade próspera cujas atividades econômicas não abafam o desenvolvimento intelectual.<br />O interesse do Nuremberg pelo Atlântico e pelas índias é antigo. Ainda assim o Novo Mundo situa-se longe das preocupações imediatas da Alemanha e Inglaterra.<br />O surgimento da América mexicana na órbita imperial é, desta forma, exatamente contemporânea ao inicio do cisma a tal ponto que os católicos acabaram enxergando na cristianização dos índios o contraponto da heresia que desmantelou a Europa católica. A reforma produziu um abalo tamanho e obteve tamanha repercussão que alemão e luterano tornaram-se logo sinônimos na mente dos castelhanos.<br />As duas etapas mais importantes da descoberta da América correspondem duas reviravoltas cruciais de história religiosa da Europa ocidental.<br />1492 marca o fim da experiência Ibérica de uma sociedade multi religiosa.<br />1519-1521 marcam uma ruptura irremediável da Europa cristã.<br />Contribuem para o estabelecimento de um novo mundo moderno caracterizada pela expansão da dominação ocidental, pela cristalização de seus valores e de suas culturas.<br /><br /><br />O ELDORADO DOS WELSER (1528-1544)<br /><br /><br />Esses homens de dinheiro que ajudaram na eleição imperial, não estavam ausentes de Novo Mundo e menos ainda de Espanha e Portugal.<br />Em 1528, os Welser de Augsburgo estão entre os maiores banqueiros da época. recebem, em 1528, uma concessão gigantesca na Venezuela como pagamento por seus serviços.<br />A empresa fracassou banhada em sangue. Os alemães nunca conseguiram nem tiveram a possibilidade de descobrir o reino das esmeraldas, ou o Eldorado.<br /><br /><br /><br />A ITÁLIA IMPERIAL (1530-1550)<br /><br />Em 1530 a península italiana não é mais o que era maio século antes. É um pouco menos italiana e um pouco mais espanhola.<br />O porto de Nápoles, uma das principais cidades do mundo. Ao norte da península, Carlos se interessa muito pelo milanês. Os espanhóis vão se estabelecer la definitivamente em 1545.<br />A ordem visual que a Espanha impõe à América é primeiro a de Flandres.<br />Laços “mediáticos” privilegiados continuam a unir as duas penínsulas. Veneza tem, nesse sentido, um papel considerável na difusão das notícias do Novo Mundo. A informação circula de um lado a outro do Atlântico e alcança inclusive à Itália num rítimo que espanta.<br />Uma mescla de interesse científico com senso comercial mostra muito bem a espantosa ligação com o concreto que caracteriza os espíritos onde quer que estejam.<br />Longe de tornar seu espírito mais flexível, essa Itália, que se preparava para a reação do concílio de Trento, confortou-se em seu dogmatismo seu rigor inspirando-lhes páginas virulentas contra Lutero e os turcos e alguns ataques contra o erasmismo.<br />A referencia à Itália é um elemento-chave na exploração do Novo Mundo, pois a analogia e a comparação estão, nessa época, subentendidas em toda empresa de conhecimento. A Itália fornece, naquele momento modelos ilustres, padrões, um estrangeiro familiar.<br />Por baixo de referencia italiana, muitas vezes aflora a referencia à antiguidade.<br />O passado dos índios não é o da Europa. Não seria porque se podia acabar com a volta ao passado que o novo mundo experimentou mais cedo e mais cruamente a modernidade.<br /><br /><br />A EUROPA DOS HABSBURGO FRENTE AO NOVO MUNDO.<br /><br />A entrada de América no órbita européia é, antes de mais nada, uma empresa espanhola. Carlos e seus conselheiros estão conscientes disso.<br />O Ocidente de séc.XVI, tanto quanto a península Ibérica, é uma terra fragmentada que as ambições, as instituições e as culturas dividem. Carlos respeita esses particularismos sem tentar impor a seus domínios uma administração unificada.<br />A Europa não deixa de constituir, além das rivalidades políticas e econômicas um patrimônio de pensamentos e de preconceitos, de formas de ser e de agir que os colonizadores reproduzem no continente americano.<br />Uma Europa surge, aberta para à América, um Europa mediterrânea e nórdica.<br />Essa modalidade é incontestavelmente um legado do fim da Idade Média, de um mundo fluido, quase sem fronteiras, antes da cristalização dos Estados Nações.<br />Após os anos de 1520 surge um movimento distinto. A cristalização das diferenças e das identidades. Ele preludia o fechamento das fronteiras nacionais. Um processo lento, mas perceptível em muitos aspectos.<br />O Novo Mundo vai ser um de seus motores e Carlos V se torna seu eixo a partir de 1516.<br /><br /><br />O PERIGO TURCO E OS SONHOS MESSIANICOSs<br /><br />O panorama é aterrados, de preocupação. A Europa ocidental precisa afirmar sua identidade e sua solidariedade frente ao Islã.<br />O inimigo prioritário do cristão é o infiel, nunca será o índio.<br />A ameaça do Oriente muçulmano, reforçada, depois de 1520, com o prestigio de Solimã, o Magnífico.<br />Conquistadores experimentaram suas primeiras batalhas na Itália, outros voltando da América lutaram contra os turcos. Os espanhóis acompanham com preocupação o duelo dos impérios. O vivenciam como um conflito que domina não só o mediterrâneo, mas também o destino de toda cristandade. O enfrentamento entre o imperador e o Grão-turco alimenta um messianismo e um milenarismo que galvanizam as energias, moldam os sonhos e despertam os medos do Velho Mundo.<br />Na Espanha de final do séc.XV, a herança do judaísmo, vivaz entre os “conversos”, e as guerras européias mantem uma inquietação propicia para inquietações escatológicas.<br />A retomada dos lugares Santos não cessava de assombrar os europeus e obcecava os espanhóis. Todo o ouro das índias servirá para apoiar a empresa da reconquista.Thiagohttp://www.blogger.com/profile/00401726006800737580noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5090075586667408009.post-88598541307050748582008-07-05T06:08:00.000-07:002011-08-19T12:24:47.251-07:00A ESCOLA DOS ANNALES<div style="text-align: justify;">Por volta de meados do séc. XVIII, um certo número de intelectuais, na França, Escócia, Itália, Alemanha e outros países começaram a se preocupar com o denominaram “História das sociedades”. Uma nova história, uma “história que inclua qualquer traço ou vestígio das coisas que o homem fez ou pensou, desde o seu surgimento sobre a terra.”.</div><div style="text-align: justify;">Licien Febvre e Marc Bloch foram os lideres do que se pode denominar revolução francesa da história.</div><div style="text-align: justify;">A revista dos annales surgiu da vontade de se promover a nova história, diferente da que era produzida até então. Após a primeira guerra mundial Lucien Febvre idealizou uma revista voltada à história econômica, que seria dirigida pelo historiador belga Hennri Pirene. O projeto encontrou diversas dificuldades, sendo abandonado. Em 1928 foi Bloch quem tomou a iniciativa de ressuscitar os planos de uma revista. Novamente foi solicitado que Pirene a dirigisse, mas em virtude de sua recusa Febvre e Bloch tornaram-se editores.</div><br />
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<div style="text-align: justify;">Sendo originalmente chamada de <span style="font-style: italic;">Annales d'histoire econimique et sociale</span> e tendo como modelo os <span style="font-style: italic;">Annales de geografique </span>de Vidal de la Blanche. Tinha como bases três diretrizes: primeiro, a substituição da tradicional narrativa dos acontecimentos por uma história problema; segundo, a história de todas as atividades humanas e não apenas da história política; terceiro, visando complementar as duas primeiras, a colaboração com outras disciplinas, como geografia. economia, antropologia, sociologia, psicologia, lingüística e tantas outras.</div><div style="text-align: justify;">A história dos Annales pode ser dividida em três fases, ou gerações. A primeira foi dirigida por Febvre e Bloch e após a morte de Bloch, durante a guerra, apenas por Febvre.</div><div style="text-align: justify;">O primeiro número surgiu em 15 de janeiro de 1929. Os historiadores econômicos predominavam nos primeiros tempos.</div><div style="text-align: justify;">Pouco a pouco os Annales foram se constituindo no centro de uma escola histórica. Foi entre 1930 e 1940 que Febvre escreve a maioria de seus ataques aos especialistas canhestros e empiristas, manifesto e programa de defesa de um “novo tipo de história” associado aos Annales..</div><div style="text-align: justify;">Por volta de 1939 Febvre reconhece a existência de um pequeno grupo de discípulos “um fiel grupo de jovens que adotava o que chamavam de 'espírito dos Annales'”, e que viriam a formar a segundas geração dos Annales. Provavelmente ele pensava em Fernand Braudel, mas existiam outros, Pierre Goubert, Maurice Agulhon e George Duby.</div><div style="text-align: justify;">A segunda guerra freou esse movimento. Bloch, com 53 anos, se alistou no exercito e, depois da derrota francesa na resistência, mas acabou sendo preso e morto pelos nazistas. Durante esse período Bloch encontrou tempo para escrever dois pequenos livros: <span style="font-style: italic;">L'éntrange dé faite</span> e "Apologia da história ou a função de historiador".</div><div style="text-align: justify;">Enquanto isso Febvre continuava a editar a revista, primeiramente com o nome de ambos, depois apenas com o seu.</div><div style="text-align: justify;">Os Annales começaram como uma revista de seita herética, depois da guerra, contudo, a revista transformou-se no órgão oficial de uma igreja ortodoxa. O herdeiro desse poder seria Fernad Braudel.</div><div style="text-align: justify;">Durante trinta anos, da morte de Febvre em 1958 até a sua própria em 1985, Braudel não foi apenas o mais importante historiador francês, mas também o mais poderoso. Com a morte de Febvre Braudel foi seu sucessor, tornando-se o diretor efetivo dos Annales.</div><div style="text-align: justify;">Braudel decidiu recrutar jovens historiadores como Jacques Le Goff, Emmanuel Le Roy Ladurie e Marc Ferro, com a intenção de renovar os Annales .</div><div style="text-align: justify;">Apesar de sua liderança carismática e de sua contribuição o desenvolvimento da Escola dos Annales nos tempos de Braudel, não pode ser explicado apenas em função de suas idéias, interesses e influencia. Os destinos coletivos e as tendências gerais do movimento merecem também ser examinados. Desses movimentos certamente os mais importante foi o nascimento da história quantitativa.</div><div style="text-align: justify;">Dois importante estudos aparecem na França entre 1932-34. O primeiro de François Simiand. O segundo de Ernest Labrouse, dois anos mais velho que Braudel, foi extremamente influente na historiografia por mais de 50 anos. Foi com Labrouse que o marxismo penetrou no grupo dos Annales. O mesmo aconteceu com os métodos estatísticos.</div><div style="text-align: justify;">O surgimento de uma terceira geração se tornou cada vez mais obvio nos anos que se seguiram à 1968. Em 1969 quando alguns jovens como André Burguiere e Jaques Ravel envolverem-se na administração dos Annales; em 1972, quando Braudel se aposentou da presidência da VI seção, ocupada em seguida por Jacques Le Goff; em 1975, quando a velha VI seção desapareceu.</div><div style="text-align: justify;">Mais significativas, contudo, foram as mudanças intelectuais ocorridas nos últimos vinte anos. O problema está em que é mais difícil traçar o perfil da terceira geração que das anteriores. Ninguém neste período dominou o grupo como fizeram Febvre e Braudel.</div><div style="text-align: justify;">Essa geração é mais aberta as idéias vindas do exterior, muitos de seus membros viveram um ano ou mais nos Estados Unidos. Por diferentes caminhos tentaram fazer um síntese entre a tradição dos Annales e as tendências intelectuais americanas.</div><div style="text-align: justify;">Na geração de Braudel, a história das mentalidades e outra formas de historia cultural não foram inteiramente negligenciadas, contudo situavam-se marginalizadas ao projeto dos Annales. No decorrer dos anos 60 70 uma importante mudança ocorreu. O itinerário intelectual de alguns historiadores transferiu-se da base econômica para a “superestrutura” cultural.</div><div style="text-align: justify;">Talvez a mais conhecida critica à escola dos Annales tenha sido sua negligencia com relação à historia política.</div><div style="text-align: justify;">Febvre a Braudel podem não ter ignorado a historia política, mas não a tomaram muito a serio. O retorno a política na terceira geração foi uma reação contra Braudel e também contra outras formas de determinismo. Esta associada e redescoberta da importância de agir em oposição a estrutura.</div><div style="text-align: justify;">A revolta de Bloch e Febvre contra o domínio dos acontecimentos políticos foi apenas uma de uma serie de rebeliões semelhantes. Seu objetivo principal, a construção de uma nova espécie de história foi compartilhada por muitos pesquisadores durante um longo período.</div><div style="text-align: justify;">Assim a Escola dos Annales se tornou uma das correntes históricas mais importantes e influentes do séc XX, abrindo caminho para o dialogo da história com as outras ciências humanas, abrangendo áreas inesperadas do comportamento humano e os grupos sociais negligenciados pelos historiadores tradicionais.</div><div style="text-align: justify;"><br />
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</div><div style="text-align: justify;">Bibliografia: Burke, Peter; A Escola dos Annales, 1929-1989: A Revolução Francesa da Historiografia; Tradução , Nilo Odalia; São Paulo; Editora Universidade Estadual Paulista; 1991</div>Thiagohttp://www.blogger.com/profile/00401726006800737580noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5090075586667408009.post-13465525213736029452008-07-05T06:06:00.000-07:002010-12-08T04:48:02.137-08:00A Mulher na Idade Média.<div style="text-align: justify;"><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg17ZCuMMtNmXOI64-GRzsuFUBieQ4khfYO6fOlXqC4CgyVwOIxI6e8mXGSBl4f5Fu39HcfB1ESQDRawj330xvlNdg3v2micPJ024ptUh3xD1wKENsY5u9HhaCOs_sNp3gV0GftGGrRm683/s1600-h/mulher"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg17ZCuMMtNmXOI64-GRzsuFUBieQ4khfYO6fOlXqC4CgyVwOIxI6e8mXGSBl4f5Fu39HcfB1ESQDRawj330xvlNdg3v2micPJ024ptUh3xD1wKENsY5u9HhaCOs_sNp3gV0GftGGrRm683/s320/mulher" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5219563148361618226" border="0" /></a>Resumo<br /><br /><br />Para uma melhor compreensão da situação da mulher na Idade Media é necessário o entendimento dos costumes dos grupos formadores da sociedade européia, pois estes, em certa medida, condicionaram as tradições vigentes no Ocidente medieval. A cultura cristã com os hábitos herdados dos germânicos, celtas e romanos teve peso considerável na concepção de mulher durante a idade média.<br />As mulheres, para os romanos, sempre foram “naturalmente inferiores”, sendo excluídas das funções publicas, políticas e administrativas, sendo restringidas ao ambiente doméstico, sempre governado por um homem. Mesmo quando era juridicamente livre a mulher tinha a autonomia limitada pela família, sendo extremamente presa aos seus interesses. Em Bizâncio a mulher também conheceu diversas limitações. Tais limitações foram comuns a maioria dos povos da Antiguidade, mas existiram exceções como é o caso das mulheres dos povos celtas. Depois do século X a mulher conheceu uma regressão no seu estatuto jurídico.<br /><br /><br /><a name='more'></a><br /><br /><br />Com o condicionamento do tecido social entre os séc.X e XI, em algumas áreas da Europa, ocorreu uma substancial transformação nas estruturas familiares, transformações que visavam a manutenção do patrimônio. Até o séc.IX o parentesco era definido horizontalmente, mas lentamente esse sistema foi sendo substituído por outro, definido verticalmente, em que as relações familiares passaram a serem ordenadas por uma linhagem. Daí em diante o primogênito passou a receber a maior parte da herança. Evidentemente essa transformação beneficiou apenas os componentes do sexo masculino. Esta estratégia matrimonial permite a reprodução da ordem social e da ordem política dentro da própria família.<br />No final do séc.XII houve um grande crescimento na quantidade de estabelecimentos religiosos femininos, pois como as questões de transmissão dos bens determinavam o destino das mulheres, o “casamento com Deus” se tornou um bom negócio para os pais das jovens aristocráticas , pois diminuía o número de prováveis casamentos, diminuindo o risco de divisão do patrimônio e por outro lado diminuindo a oferta de jovens aptas a casar valorizava o arras. As mulheres viam na relação conjugal se reproduzir as formas de poder feudo-vassálicas. O único objetivo do casamento era dar continuidade a linhagem e se isso não fosse possível por qualquer motivo a relação perdia a sua razão de ser.<br />O casamento era para a Igreja um instrumento de controle sobre a sexualidade. Transformado com o decorrer dos séculos em um sacramento o casamento se tornaria uma forma de controle social. Não deveria ser realizado pela luxúria, mas sim pelo desejo da procriação. Quando casados o ato sexual tem apenas a utilidade reprodutiva, não podendo ser uma fonte de prazer.<br />As famílias ao se esforçarem para não ter seus patrimônios divididos incentivaram o casamento entre parentes relativamente próximos. A igreja passou a considerar incestuoso o casamento entre parentes até o sétimo grau, depois passou a ser considerado para parentes de quarto grau. A maior vitória da Igreja foi solidificar na cabeça dos homens que o casamento é indissolúvel!<br />Para os religiosos a mulher sempre foi vista como inferior, pois o homem foi feito a imagem e semelhança de Deus e a mulher era apenas um reflexo da imagem masculina, sendo de Deus uma imagem distorcida. O casamento garantia a estabilidade das relações determinadas pelo sexo masculino, apesar de unir os diferentes sexos não os punha em pé de igualdade. Pois a mulher é a responsável pela queda da humanidade no pecado, portanto a dominação do esposo sobre ela e as dores do parto eram vistos como o seu castigo. Havia no centro da moral cristã uma aguda desconfiança em relação ao prazer, pois ele aprisionava o espírito ao corpo, impedindo-o de se elevar à Deus.<br />Alguns religiosos descrevem certos traços da personalidade feminina como pérfidas, frívolas, luxuriosas, impulsionadas naturalmente a fornicação. Os moralistas procuravam limitar ao máximo a sexualidade. As relações sexuais eram severamente disciplinadas e os contraceptivos eram proibidos, haviam épocas proibidas para a relação sexual e a mulher não deveria nunca demonstrar sensação de prazer. A posição sexual em que o sexo era praticado revelava a situação de submissão da mulher. Sempre o marido em cima e a mulher em baixo, sendo qualquer outra posição condenada.<br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhe0g6Ib4WS8lDz1S-zt8i0jOlh4hNdTALbzS65Xl-5ZawniBV-P4lOOl9mp6hSDrx0N0VPycg0nBftiO73uqGS6fK42VZPZkdcuoxjWMF17w9nqr1coSLIKkF-zS7h7g9DHD6q3KuyHINz/s1600-h/joana+d'arc.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhe0g6Ib4WS8lDz1S-zt8i0jOlh4hNdTALbzS65Xl-5ZawniBV-P4lOOl9mp6hSDrx0N0VPycg0nBftiO73uqGS6fK42VZPZkdcuoxjWMF17w9nqr1coSLIKkF-zS7h7g9DHD6q3KuyHINz/s320/joana+d'arc.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5219563148457347394" border="0" /></a>A posição dos homens em relação as mulheres não era muito diferente da dos clérigos, as atitudes de desprezo às mulheres, que eram consideradas ao mesmo tempo perigosas e frágeis, era justificada por todos os meios. Os homens, pais ou maridos, possuíam um direito de justiça inquestionável e fundamental de castigar as mulheres.<br />No meio familiar a mulher podia viver três situações, a esposa, a viúva e a mãe. A capacidade de ser mãe lhe garantia um lugar na família. Sendo mãe, quando viúva teria certa ascendência sobre os filhos. Não o sendo havia como caminho apenas o casamento com Cristo. Portanto não bastava ser esposa, nem viúva, era necessário ser mãe.<br />Para os cavalheiros o “sexo frágil” foi feito para obedecer. Não era bom que as mulheres soubessem ler e escrever a menos que isso interessasse a vida religiosa. Uma moça deveria saber fiar e bordar.<br />A sociedade medieval, que foi machista e guerreira, nutriu um desprezo generalizado pelas mulheres.<br />As diferenças sociais foram sempre tão forte quanto as diferenças de sexo, portanto não é possível alinhar, num mesmo plano, condessas e castelãs com servas e camponesas, ricas burguesas com artesãs, domesticas ou escravas. A estruturação da casa e das relações familiares lembrava uma pequena monarquia, em que a dama. a esposa do senhor, se comporta como o marido em relação aos seus dependentes, tiranizando as domesticas e no caso de ser sogra, menosprezando a nora.<br />Todas as mulheres da Idade Media foram donas-de-casa, mas em inúmeras vezes foram forçadas pelas dificuldades e pelo tempo a desempenhar ao lado do esposo ou mesmo sem ele diversas atividades fora do lar, participaram de quase todos os setores da atividade econômica.<br />Os documentos senhoriais registram a participação feminina em diversos serviços. Sabemos que uma camponesa deveria, quando casada, participar, ao lado do marido, de todas as atividades desempenhadas. Quando viúva trabalhava com os filhos ou sozinha.<br />Nas grandes abadias germânicas do séc.IX o trabalho de fiação do linho, de tecelagem, e a lavagem das roupas eram incumbência das esposas dos colonos dependentes. Nos grandes domínios da Alta Idade Média, uma parte considerável do trabalho artesanal lhes foi reservado.<br />Há documentos que demonstram que durante a Idade Média a força de trabalho das mulheres foi utilizada para mover pilão ou mó giratória uma atividade extremamente estafante e humilhante, muitas vezes como forma de punição.<br />As senhoras feudais enfrentaram muitas dificuldades na administração de suas posses, pois tiveram que sustentar pesados processos judiciais contra os homens para garantirem seus direitos. Em um ambiente em que o uso da força era a melhor forma para garantirem seus direitos, as mulheres tiveram que se adaptar às circunstâncias.<br />Precisavam, ainda, demonstrar autoridade suficiente para evitar a rebeldia dos vassalos e impedir os ataques vizinhos ambiciosos..<br />Nas cidades existiam criadas semilivres e escravas, diferentes juridicamente e na condição social. Seus serviços eram essencialmente domésticos. O grupo das criadas livres era composto por moças recrutadas nas cidades ou nas zonas rurais adjacentes. Essas mulheres eram engajadas por meio de um contrato que estipulava as obrigações recíprocas do amo e do servidor. O tempo do engajamento era consideravelmente longo e muitas moças aceitavam as condições previstas para garantir sua subsistência.<br />Outro grupo considerável era composto por escravas, seu número era superior ao das criadas semilivres. Constituíam o objeto de um lucrativo comércio. As escravas deveriam executar todo tipo de trabalho doméstico. Exploradas quase que unicamente pelas mulheres livres, que quando casavam ou ganhavam uma ou a trazia da casa paterna, a escrava era um elemento indispensável ao seu bem-estar e a sua categoria social. Quando se tornavam viúvas eram suas escravas que lhes garantiam segurança e uma vida confortável. A escravidão feminina foi dominada orientada e conduzida pelas mulheres burguesas, mas com o lucro dos mercadores.<br />Nas cidades o trabalho feminino teve incontestável significação na vida econômica. O excedente feminino da aristocracia era relegado aos conventos e o das camadas inferiores era relegado ao mundo do trabalho. A moça quando solteira ajudava os pais. Casada ajudava o marido, viúva trabalhava sozinha para sobreviver. Executavam tarefas ao lado dos homens nas oficinas artesanais. A esposa do mestre era responsável pela supervisão das aprendizes, quando acabava o período de aprendizagem as moças ganhavam um oficio de onde podiam tirar o seu sustento. Os ofícios de fiação eram essencialmente femininos. Várias profissões ligadas a indústria do vestuário foram dominadas pelas mulheres.<br />Em geral as mulheres não participavam das agremiações das corporações de oficio, pois um dos seus preceitos básicos era a exclusividade profissional e elas tinham que desempenhar duas e as vezes até três atividades. Algumas corporações de ofício chegavam a recomendar que não se empregassem mulheres. A razão dessa aversão pode ser explicada se considerarmos o valor da mão-de-obra feminina, que muito mais barata do que a masculina, isso diminuía os custos da produção gerando concorrência com a produção masculina a prejudicando, e os estatutos previam o monopólio da atividade. O trabalho feminino contrariava alguns pontos das disposições dos estatutos.<br />A atividade feminina não foi restrita à indústria têxtil. As mulheres tiveram participação nas profissões que lidavam com metais, à alimentação, trabalharam ate na produção de cerveja, ainda há registros de terem trabalhado como cabeleireiras, barbeiras, moleiras, boticárias e muitas praticaram medicina.<br />As mulheres de outra categoria social, parentes de pequenos ou grandes mercadores, foram levadas pelas circunstâncias a substituir ou auxiliar os homens. As esposas colaboravam com o companheiro, as filhas ajudavam o pai, as viúvas davam continuidade aos negócios dos falecidos. Algumas mulheres se envolveram em operações financeiras de todos os tipos inclusive com a usura ao substituir seus maridos.<br />A mão de obra feminina foi empregada nos trabalhos agrícolas, domestico, no comércio do vinho e de grãos. As mulheres da comunidade judaica se dedicaram essencialmente aos empréstimos. Elas encontraram nas operações financeiras o principal meio de sobrevivência.<br />As mulheres da alta burguesia não encontraram espaço para desempenhar atividades fora do lar.<br />A mulher na ausência do marido era sua substituta e não a proprietária dos bens. No caso da aristocracia rural a ausência abria a perspectiva para sua ação. Já no caso da aristocracia urbana não houve nenhuma possibilidade de ação social, pois a ausência do marido fazia parte da sua atividade. Portanto as possibilidades de substituição deixaram de ocorrer. As mulheres pobres das cidades sempre atuaram na vida profissional, mas nunca conseguiram se livrar da tutela do marido.<br />Na literatura religiosa é possível constatar alguns conceitos que os clérigos elaboraram a respeito da mulher. Nesse sentido coexistem dois conceitos diametralmente opostos um da mulher essencialmente má e outro da mulher perfeita.<br />A sensualidade feminina sempre esteve no centro das reprovações. A aversão declarada provinha da preocupação constante dos religiosos com a repressão sexualidade. Pois o desejo destrói o homem. A mulher é por excelência inspiradora do desejo, portanto é por excelência agente do mal e causadora do desespero, da morte, da danação eterna do sexo masculino.<br />A representação da “mulher perfeita” é simbolicamente encarnada em Maria que antes era “Mãe de Cristo” e que em 431 foi proclamada “Mãe de Deus” mulher-símbolo da pureza, da grandeza e da santidade, tida como “nova Eva” a fonte de redenção, já que Eva foi a responsável pelo pecado original. O ideal de perfeição é composto por castidade e virgindade. A recusa do prazer não devia ser encarada como obrigação e sim como um ato de purificação.<br />Nos séc.XII e XIII nasce no Ocidente uma refinada cultura que foi essencialmente aristocrática, profana, cortês. As cortes abrigavam artistas de todas as espécies, que elaboraram uma arte que representava os costumes de seus protetores. Os literatos propuseram um modelo mental imbuído das boas maneiras aristocráticas, nascia o “amor cortês”. Nele o poeta canta o “bom amor”, que possui o fundamental caráter de ser estéril, inacabado, impossível, cantado a dama inatingível e inacessível.<br />Nesse gênero o tema central é o amor, o sujeito é o amante, a mulher aparentemente venerada é apenas uma referencia. O homem não se submete a mulher, mas ao seu amor, portanto o amor e não a dama engrandecia o amante.<br />A hipótese generalizada de uma mulher marginalizada é difícil de ser sustentada, pois o casamento responsável pela reprodução biológica da família dava a mulher o papel de relevo na estabilidade da ordem social.<br />Os processos de marginalização por vezes atingiam grupos de mulheres e feiticeiras, sendo as últimas mais visadas e perseguidas. No caso das prostitutas a marginalização dizia respeito apenas ao sexo feminino. Os hereges e bruxas foram sistematicamente perseguidos e eliminados. A exclusão se deu essencialmente, no caso das prostitutas e das bruxas, à práticas sexuais que feriam os preceitos cristãos.<br />As heresias, doutrinas contrárias as estabelecidas pela Igreja, possuíam uma proporção considerável de mulheres na composição dos movimentos, embora o número de homens tenha sido sempre superior ao de mulheres nesses movimentos.. Um exemplo desses movimentos foi as beguinas, que possuíam ate mesmo mulheres como lideres. As beguinas foram integradas as ordens franciscanas e dominicanas. As mulheres que resistiram a integração foram consideradas hereges, e por causa disso, excomungadas. Um outro exemplo de movimento herético foi o catarismo que não tinha lideranças femininas, mas que lhes permitia o possibilidade de ocupar qualquer posição de sua hierarquia.<br />Com as crises social e econômica muito comum nesse período surgiu uma nova concepção do mundo, de Deus, do demônio e dos males praticados em seu nome. O medo do demônio gerou o medo das feiticeiras. O medo de ambos gerou a perseguição e o extermínio do inimigo visível, as bruxas. Que seriam uma ligação entre a feitiçaria, o culto demoníaco e a depravação sexual. Temia-se não apenas a bruxa, mas a reunião delas: o sabat, representado por uma orgia. A bruxa era a serva do demônio. Portanto iniciou-se um combate feroz elas. Qualquer comportamento anormal era motivo para uma mulher arder em uma fogueira.<br />A prostituição existiu ao longo de toda a Idade Media, no meio rural era desorganizada, escapando ao controle das autoridades locais, mas no meio urbano se tornou organizada, sendo em muitas das vezes controlada pelos governos municipais. O povo errante, composto por apátridas sem miseráveis abastecia as localidades com raparigas e prostitutas. Muitas foram vendidas como escravas, sendo exportadas para o Oriente onde compunham a “mercadoria loira”. As que ficavam exerciam sua profissão a noite em estradas ou feiras, outras acompanhavam os bandos de peregrinos que se dirigiam a locais santos, ou os guerreiros para servirem de companhia e lazer nos intervalos das batalhas. Nas cidades francesas o meretrício não era apenas tolerado como incentivado, com a existência de prostíbulos públicos, espaços protegidos pelas autoridades locais onde a fornicação era exercida livre e oficialmente.<br />Portanto a prostituição, apesar de imoral, colaborava para a manutenção da sanidade da sociedade, atenuando as tensões e servindo de válvula de escape para as limitações impostas pela Igreja. O homem com a esposa cumpria suas obrigações de marido, com as prostitutas procuravam obter prazer. A prostituição servia ainda como remédio as fraquezas dos clérigos diante do prazer da carne.<br />Apenas o direito bizantino condenava a prostituição, sendo não a mulher mas sim o homem considerado culpado e cabendo a ele a punição.<br />A devoção e a religiosidade das mulheres aristocráticas serviu de apoio indispensável à implantação, sedimentação e sobreposição do cristianismo nas sociedades bárbaras e dada essa devoção, não é de se admirar o grande número de mulheres santificadas. O nome de inúmeras piedosas foi associado ao desenvolvimento do culto cristão. A piedade feminina foi marcante a ponto de influenciar politicamente os contemporâneos e a posteridade. Místicas, castas, ascéticas, as santas romperam a hierarquia imposta pelos homens da Igreja.<br />O envolvimento da mulher no desenvolvimento literário foi considerável, ocorreu tanto de forma indireta, com o patrocínio de artistas, quanto na criação e reprodução de obras literárias. O desenvolvimento da lírica amorosa deve muito ao apoio das mulheres nobres do século XIII. O envolvimento feminino com a literatura ocorria também no processo de reprodução dos textos, deixando no fim dos manuscritos o registro de sua participação.<br />A mais famosa poetisa da idade média foi Cristina de Pisan, nascida na Itália, mas criada na França, na corte de Carlos V onde teve acesso a biblioteca real teve acesso ao saber. Casada aos quinze anos se tornou viúva jovem, mas como não tinha conhecimento dos negócios do marido passou a escrever poesias para sobreviver. Nelas defendia as mulheres. Vivendo durante a época da Guerra dos Cem Anos sentiu as dificuldades de França no início do séc.XV. No fim de sua vida teve ainda a alegria de ouvir falar de Joana D'Arc, que mulher e guerreira lutou pela unidade da França, mas que capturada acabou condenada e morta pela inquisição.<br />A Idade Média foi uma época em que a voz e as ações das mulheres foram extremamente limitadas, mas ainda sim algumas mulheres conseguiram superar as barreiras impostas pelo sexo e demonstrar aos seus contemporâneos seus desejos e aflições.<br /><br /><br />Bibliografia:<br /><span style="font-weight: bold;">MACEDO, José Rivair; "A Mulher na Idade Média. " Contexto; São Paulo; 1999.</span><br /></div>Thiagohttp://www.blogger.com/profile/00401726006800737580noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5090075586667408009.post-9937608630033732472008-07-05T06:04:00.000-07:002010-12-08T04:50:44.151-08:00O Ano Mil - Questionário.<div style="text-align: justify;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBYCJOXxn9ZuzGLvUx4ie-xaGLNT6Lnu3CyiKSBde1QbO7cI_NmUs6GuIPNWdTg_i6J07Ic463JZaz2k5qnp785ktxgua2MWwFS0kOEizxMpvcziY5bATjgM7j26eWcafaz8JxbQHbCaGD/s1600-h/o_ano_mil"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBYCJOXxn9ZuzGLvUx4ie-xaGLNT6Lnu3CyiKSBde1QbO7cI_NmUs6GuIPNWdTg_i6J07Ic463JZaz2k5qnp785ktxgua2MWwFS0kOEizxMpvcziY5bATjgM7j26eWcafaz8JxbQHbCaGD/s320/o_ano_mil" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5219553073186169842" border="0" /></a>Questionário sobre "O Ano Mil".<br /><br />1)Como podemos considerar a relação do homem com o tempo sendo produto de diferentes momentos históricos?<br />R-A concepção cristã de tempo, que se inicia com a Criação, passa pela Encarnação e termina com o Juízo. O tempo é linear e, portanto, irreversível, mas que surgido em um contexto pagão e agrário não podia escapar a certa circularidade. O tempo medieval, mais de que linear era espiralado.<br />Como todo calendário é uma forma de controle social e durante a época feudal seu domínio foi exclusividade da Igreja a recusa de que o gregoriano foi objeto expressava uma resistência cultural.<br />O grande paradoxo do tempo na sociedade ocidental é que nela sempre se viveu, e ainda se vive, mais no passado e para o futuro de que no presente. O tempo "puro", matematizável, existe somente em teoria. Há todo um leque de rítimos determinados pelas condições materiais e psicológicas de cada sujeito, individual ou coletivo.<br /><br /><br />2)Analise as três abordagens que o autor apresenta para a questão do ano mil.<br />R-O autor apresenta aspectos de três formas de visão culturais diferentes do ano mil: a apresentação da visão da cultura eclesiástica. Visão que aceitava o fim dos tempos, mas adiando indefinidamente sua chegada, sem que se atrevessem a predizer uma data especifica para ele. Houve, como em todos os tempo e culturas o interesse dos poderes constituídos de elaborar e impor um calendário à sociedade. Ao medir e ordenar o tempo transforma-se um fenômeno natural em um produto cultural. Logo, o tipo de calendário adotado revela muito de uma sociedade, não apenas seus conhecimentos técnicos, mas sobretudo de sua visão do mundo.<br />No aspecto da cultura vulgar há o pensamento de que o fim estava próximo, o que representava uma forma de contestação dos valores sociais.<br />No terceiro aspecto, a visão da cultura intermediária, há a visão da proximidade eminente do fim dos tempos. Fim desejável, pois acreditavam na vinda de um período de mil anos de felicidade, em oposição a presença constante da violência, da fome da guerra e da morte que rondava a sociedade daquela época.<br /><br /><br />3)Em que medida esta obra contribui para a melhor compreensão da idade média?<br />R-Ao contextualizar as condições culturais e religiosas, ao fazer um relato das formas com que se lidava com o tempo e com a possibilidade da proximidade de seu fim a obra ajuda a trazer uma visão clara de como se comportava a sociedade feudal nas proximidade do ano mil.<br /><br /><br />FRANCO JR, Hilário. "O Ano Mil", Companhia das letras; São Paulo; 1999.<br /></div>Thiagohttp://www.blogger.com/profile/00401726006800737580noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5090075586667408009.post-91639530399343587202008-07-05T06:02:00.000-07:002010-12-08T05:08:03.127-08:00O Feudalismo - parte 5 - Conclusão<div style="text-align: justify;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpHOs2zxSHgQzOe00S_f5ALlmc99Zz0lBMnCRDxityb4Xlvm9rVHjCXC2MXTeNXTcbZ2PmkVDYeFVf5aMaNPDF_n-9D6glezAJuK7qkJaRDdGaCiycKDSTnYWPVCONiYFryKfb_EKF6Zy6/s1600-h/mercado.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 257px; height: 187px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpHOs2zxSHgQzOe00S_f5ALlmc99Zz0lBMnCRDxityb4Xlvm9rVHjCXC2MXTeNXTcbZ2PmkVDYeFVf5aMaNPDF_n-9D6glezAJuK7qkJaRDdGaCiycKDSTnYWPVCONiYFryKfb_EKF6Zy6/s320/mercado.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5219550746258651266" border="0" /></a>CONCLUSÃO<br /><br /><br /><br />Ao discorrer sobre suas origens, suas estruturas, sua dinâmica e as causas da crise que acabaria por lhe dar fim a obra faz um estudo claro, com a demonstração dos diversos fatores de evolução da sociedade feudal e que permitiu um entendimento claro dos seus fatores de desenvolvimento. Há a demonstração da necessidade de se entender que o feudalismo não foi uma formula, mas sim uma resposta espontânea às dificuldades, possibilidades, necessidades e ansiedades próprias de uma local e de uma época.<br /><br /><br />Bibliografia:<br /><span style="font-family: times new roman;">O Feudalismo; FRANCO JR, Hilário; Brasiliense; São Paulo; 4º edição.</span><br /></div>Thiagohttp://www.blogger.com/profile/00401726006800737580noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5090075586667408009.post-73858776896292551752008-07-05T05:53:00.000-07:002010-12-08T05:05:38.324-08:00O Feudalismo - parte 4 - Crise<div style="text-align: justify;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpmtcEJmx9OE-idbbGNPnwT8IRWx4_Y09quj-n7ZJcXZq75tSG9Rj9vTVq9SmTo34IZvVZEO13A5pujEocOXbzMckbKKqhnP8QnrbKLRvtN0seUIWwluKXDgKysqfTd8Dp6S5BDgwMglwQ/s1600-h/feudalismo3.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 189px; height: 270px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpmtcEJmx9OE-idbbGNPnwT8IRWx4_Y09quj-n7ZJcXZq75tSG9Rj9vTVq9SmTo34IZvVZEO13A5pujEocOXbzMckbKKqhnP8QnrbKLRvtN0seUIWwluKXDgKysqfTd8Dp6S5BDgwMglwQ/s320/feudalismo3.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5219549553830507570" border="0" /></a>A CRISE<br /><br /><br /><br />Nas ultimas décadas do séc.XIII o Feudalismo sofreu a perda da vitalidade que o caracterizou nos 200 anos anteriores, originada de sua própria dinâmica, que o levou a atingir os limites do funcionamento de sua estrutura. A crise resultava doas próprias características do Feudalismo. Desde os séc.XII-XIII, ele vinha sofrendo profundas transformações que se revelaram com toda sua força em princípios do séc.XIV.<br /><br /><br /><a name='more'></a><br /><br /><br />As manifestações da crise em cada setor se refletiam nos demais, havendo uma total interligação entre eles.<br />Sob o aspecto econômico a crise derivava da exploração predatória e extensiva das terras. O aumento da produção fora conseguido com a ampliação da área cultivável mais do que com a utilização de tecnologias mais avançadas, assim ela só poderia se manter com a anexação constante e indefinida de mais áreas cultiváveis.<br />Tendo, talvez, o aumento dos desmatamentos sido o responsável pelas mudanças no regime pluvial e pelo resfriamento do clima. Com as constantes chuvas, muitas colheitas foram perdidas e a fome abriu caminho à várias epidemias; a mortalidade cresceu e cada individuo gastava mais com alimentação, consumindo menos bens artesanais e causando uma retração do comércio.<br />Demograficamente a crise já se anunciava em fins do séc.XIV. O intenso rítimo de crescimento começava a diminuir.<br />Com a crise agrícola de 1315-1317, a fome e a subnutrição foram acompanhadas por epidemias e a mortalidade se elevou rapidamente.<br />Com a peste negra a crise demográfica se elevou drasticamente. Ela se propagou tão rapidamente e com tão grande número de vítimas devido à própria superpopulação gerada pela dinâmica do Feudal. Atingiu indiscriminadamente pobres e ricos, crianças e adultos, homens e mulheres, tendo repercussões bastante amplas. Ao diminuir significativamente a quantidade de mão-de-obra dos senhorios, a peste obrigava os senhores a recorrerem a mão-de-obra assalariada e a amenizar a dependência dos servos sobreviventes.<br />A desorganização que se seguiu a peste e a crescente procura por mão de obra facilitaram e incentivaram a fuga de servos, assim a mão-de-obra assalariada tornou-se muito mais comum, como também beneficiou-se de uma elevação salarial.<br />Socialmente ocorreram importantes alterações na composição das camadas sociais e na relação entre elas. A aristocracia laica e clerical, beneficiada pelo crescimento econômico tendia a comutar as obrigações camponesas por rendas monetárias, mas com a desvalorização da moeda a aristocracia perdia seu poder aquisitivo.<br />Atingida pelas dificuldades econômicas, pela peste e pela resultante mudança de psicológica, a aristocracia viu sua taxa de natalidade cair.<br />Assim, acentuava-se a tendência que vinha desde o séc.XII de se formar um “proletariado clerical”. Quebrava-se aos poucos a identidade Clero-Nobreza, com o recrutamento de eclesiástico também em outras camadas sociais.<br />A nobreza, precisando renovar seus quadros, buscou elementos de outras origens: a burguesia, a burocracia monárquica e até no campesinato mais rico. Quebrava-se assim a rigidez social anterior; da sociedade de ordens, onde cada indivíduo é de determinada camada social para uma sociedade estamental, onde o indivíduo está num certo grupo social.<br />Com essa possibilidade de mudança transformações mais importantes ocorreram entre os <span style="font-style: italic;">laboratores</span>.<br />A burguesia, nascida da dinâmica feudal, mas elemento desestruturador daquela sociedade, continuava a ganhar terreno. Revelava-se um instrumento dissolvente do Feudalismo. Suas atividades comerciais, artesanais e bancárias rompiam aos poucos com o predomínio absoluto da agricultura. Seus interesses na centralização política e seu conseqüente apoio à monarquia contribuía para o recuo da aristocracia. Por seu racionalismo individualista, se opunha a religiosidade, sua própria origem marginal quebrava a rigidez e a hierarquia sociais.<br />Em relação aos camponeses a crise econômica e demográfica apresentou dois resultados diferentes.<br />De um lado o campesinato livre se enriquecia beneficiado pelo aumento de salários, formando uma verdadeira elite camponesa.<br />De outro, em certas regiões, os senhores fizeram frente as dificuldades revigorando os laços de dependência, um outro caminho para brecar a alta salarial.<br />Existiram ainda outros aspectos que caracterizaram a crise do Feudalismo, como o político-militar, o clerical e o espiritual, mas para esse trabalho é necessária apenas a analise dos três aspectos acima mencionados.<br />È importante apenas ter em mente que diante da crise nos diversos setores e aspectos da sociedade feudal faziam-se necessárias diversas mudanças. Começavam novos tempos.<br /><br /><br />Bibliografia:<br /><span style="font-size:100%;"><span style="font-family: times new roman; font-weight: bold;">O Feudalismo; FRANCO JR, Hilário; Brasiliense; São Paulo; 4º edição.</span></span><br /></div>Thiagohttp://www.blogger.com/profile/00401726006800737580noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5090075586667408009.post-28166750518962713002008-07-05T05:38:00.000-07:002010-12-08T04:59:46.493-08:00O Feudalismo - parte 3 - Dinâmica<div style="text-align: justify;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiN36s31NC_lzYp0jkpQLYUi7LLxFTYAqAvLleRtNpwCd8i_nUUezYbBUqipE_ZWk83HcCejBLX8VmZ_xkzFNA6pKzBkEBH5iV6MkYQ77dmIUJa-3i8s0xI9Ij3_IsTAu7jPJ_aFT_fH8SZ/s1600-h/feudalismo1.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 247px; height: 185px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiN36s31NC_lzYp0jkpQLYUi7LLxFTYAqAvLleRtNpwCd8i_nUUezYbBUqipE_ZWk83HcCejBLX8VmZ_xkzFNA6pKzBkEBH5iV6MkYQ77dmIUJa-3i8s0xI9Ij3_IsTAu7jPJ_aFT_fH8SZ/s320/feudalismo1.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5219548919166785714" border="0" /></a>A DINÂMICA.<br /><br /><br /><br />Mal estava completada sua estruturação, o Feudalismo já começava a apresentar transformações, com o próprio movimento do corpo social desencadeando mutações.<br />Nascido em fins do séc.IX ou princípios do X, após centenas de anos de gestação, o Feudalismo conheceu seu período de mais intenso crescimento de meados do séc.XI a meados do séc.XIV.<br />Isso foi possível devido a reorganização da sociedade ocidental em novos moldes de acordo com as condições decorrentes do fracasso do Império Carolíngio e com as profundas transformações que ocorriam há séculos.<br />A reorganização de suas estruturas provocava movimentos que acabariam por abalar seus próprios fundamentos.<br />A revitalização da sociedade levou a um triplo crescimento: demográfico, econômico e territorial.<br /><br /><br /><a name='more'></a><br /><br /><br />Na época feudal dois importantes fatores de mortalidade foram pouco ativos: epidemias e guerras.<br />A natalidade, favorecida pela abundância de recursos naturais, suavização do clima, transformação jurídica do escravo e inovações das técnicas agrícolas.<br />Apesar de ter havido desbravamento e a ocupação de vastos territórios, a densidade populacional quase dobrou de fins do séc.VIII a fins do XIII.Um fator que explica esse crescimento foi a ausência de epidemias entre os séc.X-XII, outro fator foi o tipo de guerra realizada: constante, mas pouco destrutiva, que não envolvia grandes exércitos, apenas pequenos bandos de guerreiros de elite, os cavaleiros.<br />Na verdade a guerra na época feudal não objetivava a morte do adversário, mas sim sua captura.<br />Um terceiro elemento foi a abundância de recursos naturais. O recuo demográfico dos séc.III-VIII fizera com que extensas áreas anteriormente cultivadas fossem abandonadas e ocupadas por bosques e florestas.A maior produtividade agrícola devia-se em parte ao cultivo dessas zonas depois de desmatadas, sobre solo virgem de grande fertilidade. Outra consequência do aumento das areas de floresta foi que desde meados do sécVII o clima da Europa Ocidental tornou-se mais seco e temperado que antes, o que favoreceu a produtividade agrícola.<br />Um outro fator foi a passagem da escravidão para a servidão, que teve influência positiva no incremento populacional. A melhoria do estado jurídico do escravo incentivava a sua reprodução. Ele passava e ter um lote de terra para cultivar, obrigações fixas e não podia ser separado da família.<br />Algumas Inovações técnicas também beneficiaram a produção agrícola. Três aperfeiçoamentos exerceram ação direta sobre o desenvolvimento agrícola da população: a Charrua, um tipo de arado mais eficiente; novo sistema de atrelar os animais, possibilitando utilizar mais eficientemente sua força motriz; sistema de rodízio de terras, onde ocorria uma alternância de cultivos sobre uma mesma área, impedindo que ele se esgotasse.<br /><br />O crescimento econômico manifestou-se sobretudo através de três fenômenos: maior produção, progresso do setor urbano e acentuada monetarização.<br />Foram os excedentes gerados pela agricultura que forneceram matérias primas para a indústria artesanal e permitiram a intensificação do comércio.<br />O incremento da produção teve como ponto de partida as inovações técnicas e a melhoria climática.<br />O crescimento populacional era mais intenso e incentivava a procura por novas áreas para a agricultura. Dessa forma a área cultivável da Europa Ocidental estendeu-se bastante. Muitas terras então ocupadas não eram propicias a agricultura, sendo entregues a pecuária. Assim esse setor conheceu um grande avanço.<br />No setor secundário, a produção, conhecia claros progressos. Desenvolvia-se principalmente a indústria textil e de construção, resultado das necessidades impostas pelo crescimento demográfico.<br />É importante lembrar que a sociedade permanecia essencialmente agrária. As cidades cresciam basicamente devido a imigração de camponeses, que viam na fuga para as cidades uma forma de escapar à dependência de um senhor.<br />Se tornaria claro a partir de meados do séc. XII o conjunto de transformações que começava a comprometer o Feudalismo.<br />A cidade não podia desligar-se do mundo feudal, de onde recebia matérias e reforço populacional. Passaria a se ligar a pessoas ou a outras cidade através de contratos feudo-vassálicos. Não raro submetiam a zona rural vizinha<br />O progresso urbano era parte do progresso econômico global do Feudalismo. Sem o desenvolvimento econômico do campo não teria sido possível o desenvolvimento das cidades.<br />O revigoramento do artesanato e do comércio implicava na ativação da economia monetária. O aumento da produção tornou necessário vender o excesso criando oportunidades de compras, o que levou a se recolocar em circulação moedas e metais preciosos.<br />Essa monetarização, ao mesmo tempo que expressava o vigor do Feudalismo, contribuía para importantes transformações. As obrigações servis puderam passar a ser pagas em moeda. A maior produtividade permitia aos camponeses ficarem com um excedente que podiam vender e obter uma renda monetária. O senhor feudal, desejando comprar produtos orientais precisava de cada vez mais moeda, que passava a receber dos servos ao invés de produtos ou serviços e ele podia assim contratar mão de obra assalariada.<br />Assim ia se descaracterizando um dos elementos centrais do Feudalismo.<br /><br />O crescimento territorial foi o resultado lógico da necessidade de exportar os excedentes de população e mercadoria; representou uma tentativa instintiva de expulsar o excesso de vitalidade que poderia sufoca-lo.<br />Limitado originalmente ao antigo Império Carolíngio, desde meados do séc.XI o feudalismo penetrou na Inglaterra, no Oriente Médio e na Península Ibérica.<br />Na Inglaterra o Feudalismo foi implantado a partir da conquista pelo duque da Normandia Guilherme, O Conquistador, em 1066. No período pré-normando existia um campesinato dependente, mas somente depois da conquista de 1066 é que as relações de dominação sobre os trabalhadores se generalizaram e senhoralizaram.<br />Na Síria-Palestina o Feudalismo foi implantado em fins do séc.XI com as cruzadas. Ao contrário da Inglaterra, onde as condições eram favoráveis, no Oriente Médio o contexto era bastante diferente. Jamais o Feudalismo conseguiu lá penetrar em todos os aspecto da vida cotidiana. Com o desaparecimento dos Estados Cruzados em fins do séc.XII, nada restou de testemunho profundo de uma época feudal.<br />Na Península Ibérica haviam feições próprias. Na sua primeira etapa,a gênese, até princípios do séc.VIII, a situação era análoga a da frança, contudo a conquista muçulmana impediu que os elementos pré-feudais continuassem a se desenvolver, mas esse foram reativados a partir de meados do séc.XI, em função de questões internas e externas à península.<br />Primeiro, o enfraquecimento do domínio muçulmano e a necessidade de expansão da comunidade cristã Ibérica devido ao crescimento populacional. Segundo, as transformações sofridas pelo Feudalismo de além-Pirineus que levavam monges, peregrinos, marginais e nobres sem terra a procurar a solução de seus problemas na Espanha. Assim o Feudalismo Ibérico não resultou de uma evolução natural como na França, nem de uma transposição repentina como na Inglaterra. Não foi um fenômeno limitado e artificial como no Oriente Médio, nem espontâneo e profundo como na maior parte do ocidente.<br />O Feudalismo pôde manter sua capacidade de crescimento enquanto houve certo equilíbrio entre os três elementos básicos, capital, natureza e trabalho.<br />Era, contudo, um equilíbrio precário.<br />O progresso técnico era pequeno e o aumento da produção ficava restrito à disponibilidade dos fatores natureza e força de trabalho. A dinâmica feudal mostrava os limites do sistema e encaminhava-o para a crise.<br /><br /><br />Bibliografia:<br /><span style="font-weight: bold;font-family:times new roman;" >"O Feudalismo". FRANCO JR, Hilário; Brasiliense; São Paulo; 4º edição.</span><br /></div>Thiagohttp://www.blogger.com/profile/00401726006800737580noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5090075586667408009.post-79599575649057053452008-07-05T05:31:00.000-07:002010-12-08T05:02:53.941-08:00O Feudalismo - parte 2 - Estrutura<div style="text-align: justify;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDHsUYOYF7eiIf_EmPsnYGXWwgD3lEsW5sXmwQmoc5L1EYRtyvhOqIehoHXzdnLaZfE5VOJmBWLSrEy4zK7UtA1l-FIRiWv63iOCUIeEihgQNUTFehOh7JLRQlyxxoI2lvUNmv_7yirwWn/s1600-h/feudalismo1"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDHsUYOYF7eiIf_EmPsnYGXWwgD3lEsW5sXmwQmoc5L1EYRtyvhOqIehoHXzdnLaZfE5VOJmBWLSrEy4zK7UtA1l-FIRiWv63iOCUIeEihgQNUTFehOh7JLRQlyxxoI2lvUNmv_7yirwWn/s320/feudalismo1" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5219546138481458658" border="0" /></a>A ESTRUTURA<br /><br /><br /><br />Em fins do séc.X as estruturas feudais estavam montadas, com os elementos derivados de seu sistema de formação reunidos de forma indissolúvel e compacta.<br />Economicamente o feudalismo estava centrado no setor primário(agricultura), hegemônico em relação ao setor secundário(indústria), e ao terciário(comércio). Era uma sociedade claramente agrária por envolver a maioria da população nessa atividade e por quase todos viverem dela. Isso não significando que outras atividades econômicas não fossem praticadas e não tivessem peso. Além de artesãos ambulantes cada grande domínio senhorial tinha sua própria produção artesanal com as matérias primas quase sempre produzidas no próprio local. Desse forma cada grande domínio procurava produzir tudo que fosse preciso na vida cotidiana.<br />O comércio mantinha ainda um certo porte, embora irregular e de intensidade variável. Certas mercadorias imprescindíveis(como sal), encontráveis apenas em alguns lugares eram objeto de trocas comerciais. As trocas locais desempenhavam um papel de primeira ordem nessa economia, com os camponeses levando à feira seu pequeno excedente produtivo e podendo comprar algum artesanato urbano. Assim, ainda que timidamente, desde meados do séc.XI a zona rural foi se integrando aos circuitos comerciais.<br /><br /><a name='more'></a><br /><br />O elemento central da economia feudal era o tipo de mão-de-obra empregada. As transformações passadas pelos escravos e o trabalhador livre na antiguidade que deram origem ao colonus romano, antepassado direto do servo feudal. Da mesma forma o latifúndio romano deu origem a típica unidade de produção feudal, o senhorio. Com a profunda e total ligação servo-senhorio chegamos ao mais excencial componente econômico do feudalismo.<br />Os senhorios estavam divididos em três partes, todas trabalhadas pelos servos. A reserva senhorial, cultivada alguns dias por semana pelo servo em função da corvéia; os lotes camponeses onde cada família cultivava seu lote tirando dele sua subsistência e pagando uma taxa fixa ao senhor, o censo; a terceira parte eram as terras comunais, utilizadas tanto pelo senhor quanto pelo servo. Utilizada como pastagem, para coleta de frutos, extração de madeira. Essa relação tinha uma forte conotação religiosa e fazia o senhor ser visto como um patrono, propiciador de fertilidade.<br /><br />Socialmente o feudalismo estava dividido em uma sociedade de ordens, estratificada em grupos; “uns rezam, outros combatem e outros trabalham”. Essa ideologia de três ordens funcionava como arma para a elite manter seus interesses.<br />A ordem terrestre baseia-se na ordem celeste, imutável. A humanidade devendo ser uma e trina. Não se negava a desigualdade, justificada pela reciprocidade, troca equilibrada de serviços. Uns rezando para afastar as forças do mal, outros lutando para proteger a sociedade dos infiéis, outros produzindo para o sustento de todos.<br />Nessa sociedade os clérigos desempenhavam um papel central por deterem o monopólio do sagrado. Só através deles os homens se aproximavam de Deus. Exerciam profundo controle sobre a conduta dos homens. As esmolas e doações recebidas pela igreja faziam do clero um grupo possuidor de extensos domínios fundiários e portanto poder político. Estavam, assim, muito próximos da aristocracia laica.<br />Os guerreiros, detentores do monopólio sobre a violência tem uma dupla origem. No estrato mais alto os bellatores, indivíduos pertencentes a antigas linhagens. O segundo nível formado por elementos de origem humilde, armados e sustentados por um poderoso senhor. Assim surgiram os cavaleiros.<br />Acompanhando a tendência da época, os cavaleiros acabavam, nas terras recebidas, por se apossar de poderes políticos e por ter domínio sobre os camponeses. Seu estilo de vida tendia a imitar o da antiga nobreza a quem servia. Os cada vez mais freqüentes casamentos entre os dois níveis da aristocracia laica levavam à fusão entre elas.<br />Os trabalhadores apresentavam uma grande diversidade de condições, de camponeses até escravos. Pequenas propriedades rurais, os alódios, cultivadas pelo proprietário e sua família desapareceram em grande número a partir do séc.XI. Seus antigos proprietários entraram em algum tipo de relação de dependência ou mantiveram-se livres, mas trabalhando num grande domínio.<br />Os escravos, ainda numericamente importantes até o séc.VIII, passaram a se fundir sob modalidades diversas, sobretudo como servos, mas jamais desapareceram na época feudal.<br />O principal tipo de trabalhador no feudalismo eram os servos. Não é fácil acompanhar a passagem da escravidão à servidão. Essa se deu lentamente, com variações regionais acompanhando o caráter cada vez mais agrário da sociedade.<br />A servidão tinha dupla origem. Os servi casati da época carolíngia, escravos que haviam recebido uma casa e terra para cultivar, de outro lado colonos e demais homens livres submetidos ao poder de grandes proprietários. Os primeiros constituíam uma servidão pessoal, ligados a um senhor a quem pertenciam, os segundos uma servidão real, ligados a um aterra que não podiam abandonar. Ambas as condições transmitidas hereditariamente.<br /><br />Politicamente houve a fragmentação do poder central, com a fraqueza da própria concepção de estado. Com a decadência do Império Carolíngio os detentores de terra passaram a exercer nos seus senhorios poderes políticos. O mapa político da Europa Ocidental pulverizou-se numa infinidade de pequenos estados.<br />Em função dessas transformações o rei passou a exercer um duplo e contraditório poder. Continuava a ser o soberano, com uma relação unilateral e de caráter sagrado, por outro lado era um suserano, o que implicava em uma relação bilateral entre ele e seus vassalos, com direitos e obrigações recíprocos. Em termos práticos o rei era um senhor feudal, mandando apenas nos seus senhorios, mas por ser suserano manteve uma fração de seu poder anterior e pode com a decadência do feudalismo assumir novamente seu papel de soberano.<br />Diante da fraqueza do estado e da necessidade de segurança desenvolviam-se relações pessoais diretas, sem a intermediação do estado. Estreitaram-se assim os laços de sangue, as relações dentro das famílias, linhagens, grupos cuja solidariedade interior podia melhor proteger os indivíduos. Esse forte sentimento grupal existia tanto no seio da aristocracia quanto no do campesina.<br />Os laços de sangue eram claramente insuficientes para as necessidades sociais; como os laços familiares não bastavam criavam-se laços artificiais. As relações nobre-camponês, baseadas na desigualdade, estabeleciam complexos vínculos econômicos, religiosos e políticos. A relação entre nobres, baseada na igualdade, fundamentava-se no contrato feudo-basáltico.<br />O contrato feudo- vassálico estava de acordo com dois elemantos importantes da época: os laços familiares e a complementaridade das funções sociais. O vassalo, filho simbólico, precisava de terra e camponeses; o senhor feudal precisava de guerreiros<br /><br /><br />Bibliografia:<br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-weight: bold; font-family: times new roman;">"O Feudalismo". FRANCO JR, Hilário; Brasiliense; São Paulo; 4º edição.</span><br /></div></div>Thiagohttp://www.blogger.com/profile/00401726006800737580noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5090075586667408009.post-44131591945033612912008-04-24T11:59:00.000-07:002010-12-08T05:01:48.354-08:00O Feudalismo - parte 1 - Gênese.<div style="text-align: justify;"><br /></div><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5jUqB2pnB4FRNjN-ygbJK4AS9CBWC5JK6wVQksNukEn5GcU36Jsig9aHgW7N63HWrfip5veE-6lL5Xx4nBODrdKYTDNLneigsEw7qEr38c0srhz1ReoauM5xxPul_jQL1Qpv38ClmjLlQ/s1600-h/20040707a_feudalismo_3.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 224px; height: 247px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5jUqB2pnB4FRNjN-ygbJK4AS9CBWC5JK6wVQksNukEn5GcU36Jsig9aHgW7N63HWrfip5veE-6lL5Xx4nBODrdKYTDNLneigsEw7qEr38c0srhz1ReoauM5xxPul_jQL1Qpv38ClmjLlQ/s320/20040707a_feudalismo_3.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5219544102962678946" border="0" /></a>A GÊNESE<br /><br /><br />O processo de gestação do feudalismo foi bastante longo, remontando a crise romana do séc. III, passando pela constituição dos reinos germânicos nos séc. V-VI e pelos problemas do Império Carolíngio no séc. IX. Esse processo apresentou sete aspectos principais: a ruralização da sociedade, o enriquecimento da hierarquia social, a fragmentação do poder central, o desenvolvimento das relações de dependência social, a privatização das defesas, a clericalização da sociedade e as transformações da mentalidade, dos quais destacarei três que me parecem mais importantes, sendo os restantes consequência desse primeiros. Com exceção da clericalização da sociedade que também é consequência da generalização do cristianismo. E das transformações da mentalidade, processo muito mais lento, mas que também pode ser considerando como consequência da cristianização e da clericalização.<br /><br /><a name='more'></a><br /><br /><br />Se destacam como mais importantes:<br />Primeiramente a ruralização da sociedade, fenômeno que possuía raízes muito profundas, vindo desde o Império romano. Um grande crescimento do numero de escravos, o enfraquecimento da camada de pequenos e médios proprietários rurais e a concentração de terras nas mãos de poucos indivíduos. A contradição entre a necessidade de se renovar constantemente o estoque de mão-de-obra escrava, um estado dominado pelos cidadãos mais ricos via seus rendimentos decrescerem. Porque os poderosos fugiam aos impostos e os pobres não podiam paga- los. Assim não havia condições economias e sociais de prosseguirem as conquistas. Dessa forma o sistema imperialista/escravista não podia mais continuar a se auto-reproduzir.<br />Na sociedade urbana a crise se manifestava mais claramente com as lutas sociais, a contração do comércio, pressão do banditismo e dos bárbaros. Em consequência a isso os mais ricos passaram a se retirar para suas grandes propriedades rurais(villae), onde estariam mais seguros e poderiam produzir praticamente todo o necessário.<br />A questão da mão de obra rural foi solucionada por um regime de tripla origem que atendia aos interesses dos proprietários em ter mais trabalhadores, do estado em garantir suas rendas fiscais e dos mais humildes por segurança e estabilidade. Desse encontro nasceu o colonato.<br />As crescentes dificuldade de se obter mão-de-obra escrava quanto livre punha em xeque as possibilidades do grande proprietário explorar proveitosa mente suas terras. Buscou-se então um novo sistema. Por este a terra ficava dividida em duas partes: a reserva senhorial e os lotes dos camponeses. Esse lotes eram entregues a indivíduos em troca de uma parcela do que se produzisse ali e da obrigação de trabalhar na reserva senhorial.<br />Para o estado, vincular casa trabalhador a um lote de terra representava melhor controle do fisco imperial sobre os camponeses e uma forma de incentivara produção, para os marginalizados trabalhar nas terras de um grande proprietário significava casa, comida e proteção, para os escravos significava uma considerável melhoria de condições e para o proprietário era uma forma de aumentar a produtividade e diminuir os custos.<br />Assim, por um aviltamento da condição do trabalhador livre e um melhoria da condição do escravo, surgia o colono. Sua situação jurídica, já definida desde o séc IV expressa nitidamente a ruralização do império romano<br />Um segundo aspecto era o enrijecimento da hierarquia social. Enquanto na Roma clássica o critério para diferenciação social era a liberdade a partir do séc. III a condição econômica e a participação nos quadros diretivos do estado eram decisivas. Desde o séc. IV estabeleceu-se a vitalicidade e hereditariedade das funções, da mesma forma que se vinculou os camponeses a terra também se vinculou os artesãos de cada especialidade a uma corporação submetida ao controle estatal.<br />A penetração dos bárbaros germânicos não alterou esse quadro. A quebra da unidade política romana acentuava as tendências regionalistas daquela aristocracia reforçaria seus privilégios. A vida da população urbana decadente continuava a evoluir nesse sentido e as camadas mais humildes não tiveram sua sorte alterada. Os invasores de maneira geral mantiveram as estruturas anteriores.<br />A própria sociedade germânica após sua instalação no ocidente começou a passar por transformações profundas. Por volta do ano 500, nos limites do império, vivia um milhão de bárbaros em uma população de trinta milhões. As sociedades romana e germânica, passando a ter estruturas semelhantes. As sociedades romana e germânica, passando a ter estruturas semelhantes e identidade de interesse ao nível das aristocracias aos poucos se fundindo numa nova sociedade.<br />Como terceiro aspecto temos a fragmentação do poder central. Processo resultante da ruralização, tendência a auto-suficiência de cada latifúndio, crescente dificuldade nas comunicações e os representantes do poder imperial foram perdendo poder de ação sobre vastos territórios. As invasões germânicas quebraram definitivamente frágil unidade política do ocidente no séc. V. Mais importante que isso é o fato de que em cada Reino Romano Germânico continuavam a se manifestar as mesmas forças centrifugas da época romana. A formação de uma aristocracia germânica contribua, reforçada pela decadência economia, comercial e monetária.<br />Assim, tendo esse aspectos como base, é possível ter um ideia da origem do sistema faudal.<br /><br /><br /><br />Bibliografia:<br /><span style="font-weight: bold;">"O Feudalismo". FRANCO JR, Hilário Franco; Brasiliense; São Paulo; 4º edição.</span>Thiagohttp://www.blogger.com/profile/00401726006800737580noreply@blogger.com0