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Que tal história?

Que tal história?

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

A EUROPA IMPERIAL.


A chegada de Carlos V inscreveu a península Ibérica numa Europa imperial, da qual os espanhóis tinham uma visão fragmentada. A abertura política da Espanha para a Europa antecedeu o reinado de César e a “ancorarem” imperial.
A tomada de Granada para que Fernando e Isabel se interessassem pelo cenário internacional. Os reis católicos precisavam estabelecer sua hegemonia antes de firmar sua presença na Europa. Presença que foi firmada com o alianças dinásticas e diplomacia.
As relações tumultuadas com Portugal abrandaram-se. Em 1490 Castela consolidou seu domínio sobre as Canárias, o que lhe abriu as rotas para o Novo Mundo.
Ao sul a reconquista prosseguiu. Os espanhóis atacaram o norte da África. Para alguns, a experiência africana e para outros, a passagem pelas Canárias forum um prelúdio à aventura americana.






A ROTA DA ITÁLIA NA VIRADA DO SÉCULO.

Os aragoneses exerciam a muito tempo uma ativa política no mediterrâneo ocidental.
O reino de Nápoles excitava a cobiça das potências e os espanhois chocavam-se de novo com os franceses. O equilíbrio italiano estava rompido e a península entrava num longo período de turbulências e guerras que desenrolaram-se sob o pano de fundo da ameaça turca. Os otomanos eram os senhores do mar negro.
Os projetos de cruzadas dissolveram-se em fumaça. A Itália se tornou o teatro exaurido dos combates cristãos.
Exércitos da França voltaram para a Itália em 1499, percorreram o norte da peninsúla e ocuparam Gênovae a Lombardia. Em 1501 Espanha e França dividiram Nápoles. Em 1505 os franceses reconhecem a suserania de Fernando sobre Nápoles,
A experiência italiana, contemporânea à descoberta da América sucede à experiência de Granada. Oferece aos espanhóis exemplo de outras sociedades, outra maneira da matar.
Provavelmente em 1503 que Gonzalve de Córdoba realizou a primeira reorganização do exercito espanhol.

A ITÁLIA VISTA POR OVIEDO.

A trajetória italiana de Oviedo demonstra as múltiplas facetas da experiência italiana.
Durante os primeiros meses do ano de 1500 Oviedo estava na capital romana onde reinava o papa valenciano Alexandre VIIl. Sob os Papas aragoneses a colônia espanhola tornou-se à colônia estrangeira mais importante em Roma.
Em 1501 França e Aragão resolvem dividir entre eles o reino. Nápoles torna-se logo a maior cidade da Itália.


UMA EXPERIENCIA ITALIANA.

A experiência das guerras da Itália e dos conhecimentos reunidos na península constitui um passado do qual os homens se gabam muitas vezes nos acampamentos do Novo Mundo.


A LARANJA DA BRUGES.


Fora da Itália os espanhóis são raros. Desde o séc.XII, muitos mercadores espanhois tem um pé na França. Desde o séc.XIV igualmente os espanhóis fixaram-se em Bruges.
O séc.XV brugiano ressoou com os enfrentamentos entre bascos e mercadores de burgos que disputavam duramente a representação da nação espanhola. Aos laços de comércio e de arte, acrescentaram-se relações políticas quando os reis católicos unem sua filha, Joana, a Filipe, filho do imperador Maximiliano e herdeiro da casa de Borgonha.

A EUROPA DE CARLOS V.

As coroas da Castela e Aragão pareciam estar em plena ascensão em 1514. Só faltava o título imperial para o rei de Castela.
Em 1514, o título e a realidade se confundiram. A coroa imperial coube ao jovem Carlos que se torna Carlos V. Um fim brilhante e imprevisto, de uma política de alianças matrimoniais destinadas a reforçar a presensa dos reis católicos no cenário europeu. Com a ascensão do jovem Habsburgo, não era só um dinastia estrangeira que chegava ao trono de Castela e de Aragão, mas um outra concepção do poder que se perfila, mais distante dos súditos espanhóis, de tradição Borgonha e de inclinação absolutista.
O império de Carlos V que, através da Espanha, organizou a segunda e verdadeira descoberta da América.
O jovem imperador domina quase a metade de Europa ocidental, enquanto suas possessões no Novo Mundo aumentam em mais ou menos dois milhões de quilômetros quadrados. Mais que nunca a pessoa do soberano e o eixo da monarquia dos dois mundos.


OS PAISES BAIXOS E CARLOS.


Com Carlos V, a Europa do Norte abre-se para a América. Nascido em Flandres, neto do imperador Maximiliano de Habsburgo tanto quanto dos reis católicos, também herdeiro dos príncipes borgunhões, bisneto de Carlos, o temerário, duque da Borgonha.
A civilização borgonhesa reunira uma formidável ambição européia. Uma arte de viver, uma prosperidade material e um aparato dos quais Carlos V pretendia ser herdeiro.


BRUXELAS, CAPITAL DO IMPÉRIO.

Durante doze anos Carlos reside nos Países Baixos onde recebe os enviados e as notícias das Índias. Bruxelas é então a capital do mundo ocidental.
Após sua emancipação o jovem príncipe instalara-se no castelo de Bruxelas; lá se fizera proclamar rei de Castela.
É difícil imaginar, do novo mundo, os fatos e as “alegres entradas” que mesclam, em Bruxelas e nas províncias, o esplendor borgunhão e a animação e a alegria dos flamengos.
A capital bradantesa não fica afastada do Novo Mundo.
A América vista pelos Países Baixos, uma América ambígua onde sem dúvida assistimos ao combate da barbárie contra a civilização, mas onde também, a guerra de conquista é descrita como um combate desigual, desprovido da menor justificativa gloriosa.


O BATAVO E O INGLÊS (1516-1521)

A presença junto ao jovem rei de um dos intelectuais mais importantes da época, Erasmo de Roterdã, em 1521 o iluminista instala-se em Bruxelas.
A qualidade, a abertura, a sensibilidade da cristianização conduzida pelos franciscanos no México devem muito à obra do humanista de Roterdã e de seus seguidores espanhóis


ANTUÉRPIA E GAND (1521-1522)

Os florentinos de Antuérpia e os marranos portugueses pensam mais nos negócios do que nas engrenagens da política e da moral pública.
Antuérpia superou Bruges por volta de 1460 e chega a seu apogeu sob o reino de Carlos V. é provavelmente a primeira praça comercial da Europa da época. É também um mercado financeiro que faz concorrência à praça de Lyon.
As relações de todo tipo que surgem entre Países Baixos e península Ibérica explicam o fato de três religiosos flamengos estarem entre os primeiros franciscanos a desembarcarem no México. Dentre o três missionários destinados ao México, Pedro de Gand constitui incontestavelmente a figura mais marcante.
Os ventos de reforma, o evangelismo e a criatividade que reunificam as culturas da Europa do Norte chegaram ao Novo Mundo por outros caminhos.
O final do sé.XV marca o final da grande escola flamenga.


OS PAISES GERMANICOS (1519-1527)

Outros horizontes prolongam para o leste as terras flamengas; são os mundos germânicos do renascimento. Nuremberg é, naquele momento, uma cidade próspera cujas atividades econômicas não abafam o desenvolvimento intelectual.
O interesse do Nuremberg pelo Atlântico e pelas índias é antigo. Ainda assim o Novo Mundo situa-se longe das preocupações imediatas da Alemanha e Inglaterra.
O surgimento da América mexicana na órbita imperial é, desta forma, exatamente contemporânea ao inicio do cisma a tal ponto que os católicos acabaram enxergando na cristianização dos índios o contraponto da heresia que desmantelou a Europa católica. A reforma produziu um abalo tamanho e obteve tamanha repercussão que alemão e luterano tornaram-se logo sinônimos na mente dos castelhanos.
As duas etapas mais importantes da descoberta da América correspondem duas reviravoltas cruciais de história religiosa da Europa ocidental.
1492 marca o fim da experiência Ibérica de uma sociedade multi religiosa.
1519-1521 marcam uma ruptura irremediável da Europa cristã.
Contribuem para o estabelecimento de um novo mundo moderno caracterizada pela expansão da dominação ocidental, pela cristalização de seus valores e de suas culturas.


O ELDORADO DOS WELSER (1528-1544)


Esses homens de dinheiro que ajudaram na eleição imperial, não estavam ausentes de Novo Mundo e menos ainda de Espanha e Portugal.
Em 1528, os Welser de Augsburgo estão entre os maiores banqueiros da época. recebem, em 1528, uma concessão gigantesca na Venezuela como pagamento por seus serviços.
A empresa fracassou banhada em sangue. Os alemães nunca conseguiram nem tiveram a possibilidade de descobrir o reino das esmeraldas, ou o Eldorado.



A ITÁLIA IMPERIAL (1530-1550)

Em 1530 a península italiana não é mais o que era maio século antes. É um pouco menos italiana e um pouco mais espanhola.
O porto de Nápoles, uma das principais cidades do mundo. Ao norte da península, Carlos se interessa muito pelo milanês. Os espanhóis vão se estabelecer la definitivamente em 1545.
A ordem visual que a Espanha impõe à América é primeiro a de Flandres.
Laços “mediáticos” privilegiados continuam a unir as duas penínsulas. Veneza tem, nesse sentido, um papel considerável na difusão das notícias do Novo Mundo. A informação circula de um lado a outro do Atlântico e alcança inclusive à Itália num rítimo que espanta.
Uma mescla de interesse científico com senso comercial mostra muito bem a espantosa ligação com o concreto que caracteriza os espíritos onde quer que estejam.
Longe de tornar seu espírito mais flexível, essa Itália, que se preparava para a reação do concílio de Trento, confortou-se em seu dogmatismo seu rigor inspirando-lhes páginas virulentas contra Lutero e os turcos e alguns ataques contra o erasmismo.
A referencia à Itália é um elemento-chave na exploração do Novo Mundo, pois a analogia e a comparação estão, nessa época, subentendidas em toda empresa de conhecimento. A Itália fornece, naquele momento modelos ilustres, padrões, um estrangeiro familiar.
Por baixo de referencia italiana, muitas vezes aflora a referencia à antiguidade.
O passado dos índios não é o da Europa. Não seria porque se podia acabar com a volta ao passado que o novo mundo experimentou mais cedo e mais cruamente a modernidade.


A EUROPA DOS HABSBURGO FRENTE AO NOVO MUNDO.

A entrada de América no órbita européia é, antes de mais nada, uma empresa espanhola. Carlos e seus conselheiros estão conscientes disso.
O Ocidente de séc.XVI, tanto quanto a península Ibérica, é uma terra fragmentada que as ambições, as instituições e as culturas dividem. Carlos respeita esses particularismos sem tentar impor a seus domínios uma administração unificada.
A Europa não deixa de constituir, além das rivalidades políticas e econômicas um patrimônio de pensamentos e de preconceitos, de formas de ser e de agir que os colonizadores reproduzem no continente americano.
Uma Europa surge, aberta para à América, um Europa mediterrânea e nórdica.
Essa modalidade é incontestavelmente um legado do fim da Idade Média, de um mundo fluido, quase sem fronteiras, antes da cristalização dos Estados Nações.
Após os anos de 1520 surge um movimento distinto. A cristalização das diferenças e das identidades. Ele preludia o fechamento das fronteiras nacionais. Um processo lento, mas perceptível em muitos aspectos.
O Novo Mundo vai ser um de seus motores e Carlos V se torna seu eixo a partir de 1516.


O PERIGO TURCO E OS SONHOS MESSIANICOSs

O panorama é aterrados, de preocupação. A Europa ocidental precisa afirmar sua identidade e sua solidariedade frente ao Islã.
O inimigo prioritário do cristão é o infiel, nunca será o índio.
A ameaça do Oriente muçulmano, reforçada, depois de 1520, com o prestigio de Solimã, o Magnífico.
Conquistadores experimentaram suas primeiras batalhas na Itália, outros voltando da América lutaram contra os turcos. Os espanhóis acompanham com preocupação o duelo dos impérios. O vivenciam como um conflito que domina não só o mediterrâneo, mas também o destino de toda cristandade. O enfrentamento entre o imperador e o Grão-turco alimenta um messianismo e um milenarismo que galvanizam as energias, moldam os sonhos e despertam os medos do Velho Mundo.
Na Espanha de final do séc.XV, a herança do judaísmo, vivaz entre os “conversos”, e as guerras européias mantem uma inquietação propicia para inquietações escatológicas.
A retomada dos lugares Santos não cessava de assombrar os europeus e obcecava os espanhóis. Todo o ouro das índias servirá para apoiar a empresa da reconquista.

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