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Que tal história?

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sábado, 5 de julho de 2008

O Feudalismo - parte 4 - Crise

A CRISE



Nas ultimas décadas do séc.XIII o Feudalismo sofreu a perda da vitalidade que o caracterizou nos 200 anos anteriores, originada de sua própria dinâmica, que o levou a atingir os limites do funcionamento de sua estrutura. A crise resultava doas próprias características do Feudalismo. Desde os séc.XII-XIII, ele vinha sofrendo profundas transformações que se revelaram com toda sua força em princípios do séc.XIV.





As manifestações da crise em cada setor se refletiam nos demais, havendo uma total interligação entre eles.
Sob o aspecto econômico a crise derivava da exploração predatória e extensiva das terras. O aumento da produção fora conseguido com a ampliação da área cultivável mais do que com a utilização de tecnologias mais avançadas, assim ela só poderia se manter com a anexação constante e indefinida de mais áreas cultiváveis.
Tendo, talvez, o aumento dos desmatamentos sido o responsável pelas mudanças no regime pluvial e pelo resfriamento do clima. Com as constantes chuvas, muitas colheitas foram perdidas e a fome abriu caminho à várias epidemias; a mortalidade cresceu e cada individuo gastava mais com alimentação, consumindo menos bens artesanais e causando uma retração do comércio.
Demograficamente a crise já se anunciava em fins do séc.XIV. O intenso rítimo de crescimento começava a diminuir.
Com a crise agrícola de 1315-1317, a fome e a subnutrição foram acompanhadas por epidemias e a mortalidade se elevou rapidamente.
Com a peste negra a crise demográfica se elevou drasticamente. Ela se propagou tão rapidamente e com tão grande número de vítimas devido à própria superpopulação gerada pela dinâmica do Feudal. Atingiu indiscriminadamente pobres e ricos, crianças e adultos, homens e mulheres, tendo repercussões bastante amplas. Ao diminuir significativamente a quantidade de mão-de-obra dos senhorios, a peste obrigava os senhores a recorrerem a mão-de-obra assalariada e a amenizar a dependência dos servos sobreviventes.
A desorganização que se seguiu a peste e a crescente procura por mão de obra facilitaram e incentivaram a fuga de servos, assim a mão-de-obra assalariada tornou-se muito mais comum, como também beneficiou-se de uma elevação salarial.
Socialmente ocorreram importantes alterações na composição das camadas sociais e na relação entre elas. A aristocracia laica e clerical, beneficiada pelo crescimento econômico tendia a comutar as obrigações camponesas por rendas monetárias, mas com a desvalorização da moeda a aristocracia perdia seu poder aquisitivo.
Atingida pelas dificuldades econômicas, pela peste e pela resultante mudança de psicológica, a aristocracia viu sua taxa de natalidade cair.
Assim, acentuava-se a tendência que vinha desde o séc.XII de se formar um “proletariado clerical”. Quebrava-se aos poucos a identidade Clero-Nobreza, com o recrutamento de eclesiástico também em outras camadas sociais.
A nobreza, precisando renovar seus quadros, buscou elementos de outras origens: a burguesia, a burocracia monárquica e até no campesinato mais rico. Quebrava-se assim a rigidez social anterior; da sociedade de ordens, onde cada indivíduo é de determinada camada social para uma sociedade estamental, onde o indivíduo está num certo grupo social.
Com essa possibilidade de mudança transformações mais importantes ocorreram entre os laboratores.
A burguesia, nascida da dinâmica feudal, mas elemento desestruturador daquela sociedade, continuava a ganhar terreno. Revelava-se um instrumento dissolvente do Feudalismo. Suas atividades comerciais, artesanais e bancárias rompiam aos poucos com o predomínio absoluto da agricultura. Seus interesses na centralização política e seu conseqüente apoio à monarquia contribuía para o recuo da aristocracia. Por seu racionalismo individualista, se opunha a religiosidade, sua própria origem marginal quebrava a rigidez e a hierarquia sociais.
Em relação aos camponeses a crise econômica e demográfica apresentou dois resultados diferentes.
De um lado o campesinato livre se enriquecia beneficiado pelo aumento de salários, formando uma verdadeira elite camponesa.
De outro, em certas regiões, os senhores fizeram frente as dificuldades revigorando os laços de dependência, um outro caminho para brecar a alta salarial.
Existiram ainda outros aspectos que caracterizaram a crise do Feudalismo, como o político-militar, o clerical e o espiritual, mas para esse trabalho é necessária apenas a analise dos três aspectos acima mencionados.
È importante apenas ter em mente que diante da crise nos diversos setores e aspectos da sociedade feudal faziam-se necessárias diversas mudanças. Começavam novos tempos.


Bibliografia:
O Feudalismo; FRANCO JR, Hilário; Brasiliense; São Paulo; 4º edição.

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